Congregação Adonai Shamah: A VOZ DA VERDADE!

terça-feira, 3 de abril de 2012

A Ressurreição de Yeshua — Fraude ou Historia? (PARTE 02)

O CENÁRIO DO TÚMULO

 1Co 5:7 - "Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, agora que estais sem fermento. Porque o Messias, nosso Pessach, foi sacrificado por nós."

Com a proximidade de Pessach, lembramo-nos de tudo o que o Eterno fez pelo povo de Israel, a saída do Egito, as libertações espetaculares, o sangue do cordeiro que livrava da morte.... mas esta é uma época também extremamente importante para todos aqueles que possuem o testemunho do Messias Yeshua, pois exatamente nesta data, há cerca de 2.000 anos atrás, Ele estava completando gloriosamente a sua missão messiânica, e selando-a com um sinal inigualável, que autenticava Seu argumento de ser o Messias de Israel predito no Tanach: A SUA RESSURREIÇÃO DOS MORTOS.

 Há séculos que os críticos têm argumentado que a ressurreição de Yeshua não passou de uma farsa, e sendo assim inventam as mais descabidas teorias, sem levar em conta nenhuma evidência histórica, arqueológica ou científica, a respeito de sua morte e ressurreição. Alguns dizem que Yeshua não estava morto de fato, alguns dizem que o túmulo dele nunca existiu, outros argumentam que o tumulo estava aberto e os discípulos roubaram o corpo, outros falam que os guardas eram displicentes e dormiram, enfim, várias outras teses sem pé nem cabeça surgiram na tentativa de esconder o maior milagre da história da Humanidade: A Ressurreição de Yeshua, o Messias de Israel. A ressurreição corpórea de Yeshua é um fato único na história da Humanidade e exatamente por isso é o selo que autentica que Yeshua é realmente o Messias prometido no Tanach... e exatamente por isso é um ponto tão atacado pelo inimigo de nossas almas... Assim sendo, decidi publicar aqui um estudo profundo, baseado no livro "Evidências que exigem um veredito", de Josh Mc Dowell, com dados palpáveis para quem quiser conferir.

Este presente estudo está sub-dividido nos seguintes itens:

O Cenário Antes da Ressurreição:
 
1. YESHUA ESTAVA MORTO
2. O TÚMULO
3. O SEPULTAMENTO
4. A PEDRA
5. O SELO
6. A GUARDA JUNTO AO TÚMULO
7. OS DISCÍPULOS SEGUIRAM SEU PRÓPRIO CAMINHO

O Cenário Após a Ressurreição:
 
1. O TÚMULO VAZIO
2. OS PANOS DE SEPULTAMENTO
3. O SELO
4. A ESCOLTA ROMANA
5. YESHUA ESTAVA VIVO - APARIÇÕES APÓS A RESSURREIÇÃO
6C. OS INIMIGOS DE YESHUA NÃO APRESENTARAM QUALQUER REFUTAÇAO À
RESSURREIÇÃO

Passemos então aos fatos:

O CENÁRIO DO TÚMULO
O Cenário Antes da Ressurreição



1. YESHUA ESTAVA MORTO

Marcos apresenta a seguinte narrativa dos acontecimentos que se seguiram ao julgamento de Yeshua: "Então Pilatos, querendo contentar a multidão, soltou-lhe Barrabás; e, após mandar açoitar a Yeshua, entregou-o para ser crucificado. Então os soldados o levaram para dentro do palácio, que é o pretório, e reuniram todo o destacamento. Vestiram-no de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça. E o saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus! Davam-lhe na cabeça com um bastão, cuspiam nele e, pondo-se de joelhos, o reverenciavam. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe a púrpura e o vestiram com as suas próprias vestes. Então conduziram Yeshua para fora, com o fim de o crucificarem" (Marcos 15:15-20).

John Mattingly descreve como a vítima era açoitada antes da crucificação: "O criminoso sentenciado geralmente tinha, em primeiro lugar, suas roupas arrancadas, sendo então amarrado a um poste ou coluna no tribunal. Então os lictores, ou açoitadores, ministravam o terrível e cruel açoitamento. Embora os hebreus, por sua lei, limitassem o número de açoites a quarenta, os romanos não estabeleceram qualquer limite, e a vítima ficava à mercê daqueles que a açoitavam".

"Chamava-se azorrague o instrumento brutal empregado para açoitar a vítima. Sobre ele Mattingly comenta: 'Facilmente pode-se perceber que as varas compridas de cascas de osso e metal dilaceravam bastante a carne humana'."

O bispo Eusebio de Cesareia, historiador do século terceiro, disse o seguinte na Epistola a
Congregação em Esmirna acerca do açoitamento aplicado naqueles que iam ser executados: a pessoa açoitada ficava com "as veias expostas, e... os próprios músculos, tendões e entranhas da vítima ficavam à mostra".

John Mattingly, citando John Peter Lange, afirma o seguinte sobre os sofrimentos do Messias Yeshua: "Tem-se conjeturado que o açoitamento de Yeshua chegou até mesmo a ultrapassar a severidade de um açoitamento comum. Embora o açoitamento usual fosse empreendido pelos lictores, Lange conclui que, uma vez que não havia lictores à disposição de Pilatos, este entregou a tarefa aos soldados. Assim, com base no próprio caráter desses soldados, brutos e vis, pode-se supor que eles excederam a brutalidade dos lictores".

Depois de sofrer as formas mais intensas de castigo físico, Yeshua teve que suportar a caminhada até o lugar da crucificação, o Gólgota. Sobre essa etapa do sofrimento de Yeshua, Mattingly relata: "Até os preparativos para a caminhada devem ter sido uma fonte de terrível sofrimento. Mateus 27:31 diz: 'Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, e o vestiram com as suas próprias vestes. Em seguida o levaram para ser crucificado'. O ato de arrancar as vestes reais de zombaria e o vestir com suas próprias roupas, sem dúvida alguma em contato com a pele cortada e esfolada pelo açoitamento, deve ter resultado em grande dor".

"A frase 'e levaram a Yeshua para o Gólgota' (Marcos 15:22a) também pode indicar que Yeshua, incapaz de andar por suas próprias forças, teve que ser literalmente levado ou arrastado até o lugar da execução. Assim, os revoltantes e horríveis sofrimentos que antecederam a crucificação chegaram ao fim, e o ato em si de crucificar teve início".

Marcos registra a seguinte narrativa da crucificação do Messias Yeshua: "E levaram a Yeshua para o Gólgota, que quer dizer Lugar da Caveira. Deram-lhe a beber vinho com mirra, ele, porém, não tomou. Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando-lhes sorte, para ver o que levaria cada um. Era a hora terceira quando o crucificaram. E, por cima estava, em epígrafe, a sua acusação: O REI DOS JUDEUS. Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda... Os que iam passando, blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas. Salva-te a ti mesmo, descendo do madeiro. De igual modo os principais sacerdotes com os escribas, escarnecendo, entre si diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar- se; desça agora da cruz o Messias, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos. Também os que com ele foram crucificados o insultavam.

Chegada a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona. À hora nona clamou Yeshua em alta voz: Eloí, Eloí, lama sabactâni? que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Alguns dos que ali estavam, ouvindo isto, diziam: Vede, chama por Elias. E um deles correu a embeber uma esponja em vinagre e, pondo-a na ponta de um caniço, deu-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias vem tirá-lo. Mas Yeshua, dando um grande brado, expirou. E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo. O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus" (Marcos 15:22-27,29-39).

Sobre a crucificação em si, Mattingly diz: "Nunca é demais enfatizar que os sofrimentos
experimentados na cruz foram extremamente intensos e duros. O caráter abominável dessa tortura foi percebido pelo mais famoso orador romano, Marco Túlio Cícero, que afirmou: 'Até a mera palavra cruz deve ficar bem longe não apenas dos lábios dos cidadãos de Roma, mas também dos seus pensamentos, olhos e ouvidos' (CÍCERO, Marco Túlio. Pro Rabino. 5:16)".

Michael Green fala dos sofrimentos físicos de Yeshua: "Depois de uma noite sem dormir, durante a qual não lhe deram de comer em que teve de suportar as zombarias de dois julgamentos, e teve as costas laceradas pelo terrível chicote romano de nove tiras, Yeshua foi levado para ser executado por crucificação. Essa era a morte extremamente dolorosa, em que cada nervo do corpo gritava de agonia".

Farrar apresenta uma descrição detalhada da morte por crucificação: "Pois, de fato, uma morte por crucificação parece incluir tudo aquilo que a dor e a morte podem ter de horrível e assustador — vertigem, cãibras, sede, fome profunda, falta de sono, febre traumática, tétano, vergonha, zombaria diante do constrangimento da vítima, longa duração do tormento, medo do desenlace, gangrena das feridas expostas — tudo isso intensificado só até o ponto em que pode ser suportado, mas não chegando ao ponto de dar à
vítima o alívio de ficar inconsciente".
"A posição nada natural tornava cada movimento doloroso; as veias dilaceradas e os tendões esmagados latejavam com uma dor terrível e incessante; as feridas, inflamadas por estarem expostas, pouco a pouco gangrenavam; as artérias, especialmente as da cabeça e do estômago, ficavam intumescidas e experimentavam um aumento de pressão devido ao excesso de sangue no local; e, à medida em que cada tipo de sofrimento ia gradualmente aumentando, acrescia-se-lhes a dor insuportável de uma sede atroz que ia como que queimando por dentro; e todas essas complicações físicas provocavam uma excitação e uma
ansiedade no íntimo da pessoa, o que fazia com que a perspectiva da própria morte — da morte, o inimigo desconhecido, a cuja aproximação o ser humano geralmente mais estremece — tivesse o aspecto de uma libertação consoladora e estranha".

O professor E. H. Day relata: "É Marcos que enfatiza tanto a surpresa de Pilatos ao ouvir que Yeshua já morrera, como a indagação que faz ao centurião antes de dar autorização para a remoção do corpo da cruz. Os soldados romanos conheciam bem quando uma pessoa estava morta e sabiam como era a morte que se seguia à crucificação".

Como Michael Green assinala, as crucificações "não eram incomuns na Palestina".
Pilatos exigiu confirmação da morte de Yeshua. Sobre isso Green comenta: "Quatro executores vieram examiná-lo, antes que um amigo, José de Arimatéia, recebesse permissão para retirar o corpo para ser sepultado".

Green fala desses quatro especialistas que estavam acostumados a lidar com a morte: "Eles sabiam que um homem estava morto só de vê-lo — e o próprio oficial comandante daquele grupo ouvira o grito de morte do condenado e confirmou a morte ao governador, Pôncio Pilatos..." ("O centurião que estava em frente dele, vendo que assim expirara, disse: Verdadeiramente este homem era Filho de Deus" (Marcos 15:39). "Mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera" (Marcos 15:44).

John R. W. Stott escreve: "Pilatos ficou realmente surpreso com o fato de que Yeshua já tivesse morrido, mas, pela palavra do centurião, convenceu-se o suficiente para dar permissão a José para remover o corpo da cruz".

O professor Day comenta que "o relato do Evangelho de Mateus sobre a guarda do sepulcro é uma prova clara de que os fariseus, por sua parte, acreditavam que Yeshua estava morto".
Além do mais, Day assinala que nenhum "daqueles que participaram da remoção do corpo e da sua colocação no túmulo teve qualquer suspeita de que ele ainda estivesse vivo".
O professor Day, falando sobre o livro The Physical Cause of the Death of Yeshua (A Causa Física da Morte de Yeshua), assim se refere ao seu autor, James Thompson: "Ele demonstra que a morte de Yeshua foi causada não por exaustão física nem pelas dores da crucificação, mas pela agonia mental que provocou uma ruptura do coração. Seu vigor mental e físico no instante da morte prova, sem qualquer possibilidade de dúvida, que Sua morte não foi conseqüência de exaustão; a lança do soldado foi o meio de exibir ao mundo que Sua morte ocorreu por uma ruptura do coração."

O médico Samuel Houghton, o grande fisiólogo da Universidade de Dublin, apresenta seu ponto-devista sobre a causa física da morte de Yeshua: "Quando o soldado traspassou com sua espada o lado de Cristo, Ele já estava morto; e o fluxo de sangue e água que saiu foi um fenômeno natural explicável por causas naturais ou então foi um milagre. Que João
acreditasse que, se isso não era algo milagroso, pelo menos era incomum, fica claro a partir do comentário que faz a respeito e a partir da maneira enfática com que solenemente declara a exatidão da narrativa".
"Repetidas observações e experiências feitas em homens e animais levaram-me aos resultados seguintes:

"Quando, depois da morte, o lado esquerdo é traspassado por uma faca grande, de tamanho
comparável ao de uma lança romana, pode-se observar três casos distintos:

Primeiro — Não há fluxo de espécie alguma saindo da ferida, a não ser um diminuto filete de sangue.
Segundo — Um fluxo abundante de sangue apenas sai da ferida.
Terceiro — Sai um fluxo de apenas água, seguido por umas poucas gotas de sangue."
"Desses três casos, o primeiro é o mais comum; o segundo acontece em casos de morte por
afogamento e por envenenamento por estricnina, o que se pode demonstrar matando um animal com esse veneno e que também pode-se provar que é a causa natural da morte por crucificação; e o terceiro encontra-se nos casos de morte provocada por pleurite, pericardite e ruptura do coração. A maioria dos anatomistas que têm dedicado atenção ao assunto estão familiarizados com os casos precedentes, mas os dois casos a seguir, embora facilmente explicáveis com base em princípios fisiológicos, não se encontram registrados nos livros (exceto por São João). Nem eu tive a felicidade de me deparar com eles".
"Quarto — Um fluxo abundante de água, seguido por um fluxo abundante de sangue, sai da ferida."
"Quinto — Um fluxo abundante de sangue, seguido por um fluxo abundante de água, sai da ferida."
"...A morte por crucificação cria uma situação de sangue nos pulmões semelhante à que é produzida por afogamento e por estricnina; crê-se que o quarto caso ocorra numa pessoa crucificada que, antes da crucificação, tenha sofrido de derrame na pleura, e que o quinto caso ocorra numa pessoa crucificada que morreu de ruptura do coração. O histórico dos dias que precederam a crucificação de nosso Senhor excluem completamente a idéia de pleurite, que também está fora de cogitação, se primeiramente saiu sangue e depois água da ferida. Portanto, não resta qualquer possível explicação do fenômeno registrado nos Evangelhos, exceto a conjuncao de crucificacao e ruptura do coração".

"O dr. William Stroud sustenta com grande capacidade que a causa da morte de Yeshua foi ruptura do coração; e eu creio firmemente que de fato ocorreu essa ruptura do coração..."

O apóstolo João registra com detalhes minuciosos a cena que observou no Gólgota. Houghton chega à conclusão de que "é óbvia a importância disto. (Revela) que a narrativa do capítulo 19 de São Paulo jamais poderia ter sido inventada, que os fatos narrados devem ter sido presenciados por uma testemunha ocular, e que a testemunha ocular ficou tão atônita que aparentemente pensou que fosse um fenômeno miraculoso."

Michael Green escreve sobre a morte de Yeshua: "Com base em um testemunho ocular ficamos sabendo que 'saiu sangue e água' do lado traspassado de Yeshua (João 19:34, 35).  A testemunha ocular claramente atribuiu grande importância a esse fato. Caso Yeshua  estivesse vivo quando a espada o traspassou, fortes jatos de sangue teriam jorrado a cada batida do coração. Ao contrário, o observador reparou que vazavam coágulos semi-sólidos e escuros, distintos e à parte do soro aguado que se seguiu. Essa é uma prova de grande coagulação do sangue nas artérias principais, e, do ponto-de-vista médico, é uma prova
excepcionalmente forte de que a morte já ocorrera. Isso tudo causa uma impressão ainda maior pelo fato de que provavelmente o evangelista não teria condições de perceber o significado patológico. O 'sangue e água' que saíram da ferida feita pela lança são uma prova conclusiva de que Yeshua já estava morto".

Samuel Chandler diz: "Todos os evangelistas concordam que José solicitou o corpo de Yeshua a Pilatos, o qual soube pelo centurião que montava guarda junto à cruz que Ele já estava morto fazia algum tempo, pelo que Pilatos entregou o corpo a José".

O professor Chandler afirma então que "a circunstância notável de Jose e Nicodemos envolverem com especiarias o corpo ja morto, segundo a maneira judaica de preparativo para sepultamento, é uma forte prova de que Yeshua estava morto e de que as pessoas sabiam disso. Caso ainda houvesse qualquer sinal de vida nEle ao ser tirado da cruz, a natureza caustica da mirra e do aloés, o cheiro forte e o sabor amargo desses produtos, o uso de um cilindro para ajudar a envolver o Seu corpo em pano de linho, e para envolver
Seu rosto e cabeça com um pano menor, conforme era o costume judaico por ocasião do sepultamento, tudo isso acabaria com qualquer indício de vida".

No início do século passado, Paulus de Heidelberg empreendeu uma tentativa tola de explicar racionalmente a ressurreição de Yeshua, afirmando que na verdade Yeshua não morreu, mas que simplesmente perdeu os sentidos ou desmaiou na cruz. No entanto, o bispo E. Le Camus, de La Rochelle, na França, contesta: "A medicina que ele invocou para apoiar sua tese foi a primeira a derrubar seu sistema. Ele soube que, se Yeshua tivesse sido tirado da cruz ainda vivo, deveria ter morrido no túmulo, pois o contato do corpo com a pedra fria do sepulcro produziria o congelamento do sangue que, por sua vez, provocaria uma síncope, devido ao fato de que a circulação regular já se fazia com dificuldade. Além do mais, uma pessoa desmaiada na maioria dos casos não acorda ao ser colocada numa caverna, mas ao ser levada ao ar livre. O forte cheiro dos aromas num lugar hermeticamente selado teria matado uma pessoa cujo cérebro já se encontrava num estado de profunda inconsciência. Na atualidade, racionalistas de todas as tendências rejeitam essa hipótese, que é tão absurda quanto inaceitável, e todos concordam que o Yeshua crucificado de
fato morreu na sexta-feira".

Como diz o professor Albert Roper, "Yeshua foi crucificado por soldados romanos, de acordo com as leis de Roma, à quais os soldados obedeceram com a mais absoluta fidelidade".

Concluindo, podemos concordar com a declaração do apóstolo João acerca do que pessoalmente assistiu da morte de Yeshua, declaração em que ele confirma que foi testemunha ocular: "Aquele que isto viu, testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade..." (João 19:35).


2. O TÚMULO

Wilbur M. Smith assinala que "a palavra que é traduzida por tumulo ou sepulcro ocorre trinta e duas vezes nos relatos dos quatro Evangelhos acerca da ressurreição..."

O túmulo de José de Arimatéia foi, na manhã do primeiro dia da semana após Pessach, de fato um objeto de muito interesse para os escritores dos Evangelhos. Acerca do sepultamento que Yeshua teve, W. J. Sparrow-Simpson faz o seguinte comentário: "O costume romano era deixar a vítima de crucificação pendurada na cruz para servir de alimento para aves e animais terrestres. Mas quem sonharia dizer que essa regra não comportava exceções? Josefo {Autobiografia, 75; Guerras dos Judeus, 4.5.2) induziu o imperador Tito a tirar da cruz três pessoas crucificadas enquanto ainda estavam vivas. Será que alguém afirmaria que é impossível isso ter acontecido só porque a regra determinava o contrário? Sem dúvida, o costume judaico era o sepultamento do condenado. Essa era a lei
judaica. Mas José nos assegura de que até mesmo os judeus às vezes quebravam as leis de sepultamento.

No livro Guerras dos Judeus ele escreve: 'Em sua impiedade eles chegavam ao ponto de se desfazer dos cadáveres sem sepultá-los, muito embora os judeus costumassem ser bastante cuidadosos no sepultamento das pessoas, pelo que eles tiravam os corpos dos que haviam sido condenados e crucificados, e os sepultavam antes do pôr-do-sol."

"Loisy acredita que era possível aos parentes conseguir permissão para o sepultamento de alguém condenado. Todavia, nenhum parente recebeu permissão para sepultar o corpo de Yeshua, nem qualquer dos doze. Os três homens crucificados, que Josefo induziu a autoridade imperial a tirar da cruz, não eram parentes seus; eram apenas amigos. Ele 'se recordava deles como antigos conhecidos'. Pode-se argumentar fortemente em favor da improbabilidade do pedido de Josefo, e mais ainda contra o pedido ter sido atendido. Ninguém, todavia, parece duvidar dos fatos. São constantemente citados como se fossem
verdadeiros. Por que José de Arimatéia não poderia ter feito um pedido semelhante a Pilatos?"

Henry Latham, em The Risen Master (O Mestre Ressurreto), oferece as seguintes informações a respeito do sepultamento de Yeshua. Primeiramente ele menciona "...a descrição do sepulcro de nosso Senhor, feita quando se acreditava que havia sido recentemente descoberto pela imperatriz Helena. O relato é feito por Eusébio de Cesaréia — o primeiro historiador da Congregação. Esse relato encontra-se em Teofania, obra de Eusébio que foi recuperada neste século, e da qual uma tradução foi publicada em Cambridge, em 1843, pelo Dr. Lee".

"O túmulo em si era uma caverna que, evidentemente, fora desbastada; uma caverna que fora escavada na rocha e que não recebera corpo algum. O que era em si mesmo algo surpreendente, era que o túmulo abrigasse apenas aquele cadáver. E causa surpresa ver essa rocha, imponente e ereta, a única no nível da superfície, e tendo apenas uma caverna em seu interior; pois, caso houvesse muitas cavernas o milagre daquele que venceu a morte teria ficado obscurecido."

"O trecho a seguir é extraído de Architectural History of the Holy Sepulchre (História Arquitetônica do Santo Sepulcro), de autoria do professor Willis, que lecionou na Universidade de Cambridge (The Holy City - A Cidade Santa, G. Williams, vol. 1, p. 150.)"
"Em muitos casos, o sarcófago, leito ou outro lugar de repouso era escavado na rocha sólida, e, dessa maneira, devia ter ficado num nível acima do chão, ou devia ter sido uma saliência ao lado da parede, quando esse compartimento foi escavado pela primeira vez. Quando se fazia um leito de pedra, sua superfície ficava no nível do chão, ou então era escavada, passando a ter de dois a cinco centímetros de profundidade, onde o corpo era colocado. E freqüentemente se deixava na cabeceira uma parte mais elevada para servir de travesseiro, ou então fazia-se uma cavidade arredondada com o mesmo propósito. Tais leitos são encontrados em túmulos na rocha, feitos pelos etruscos, e também nos existentes na Grécia
e na Ásia Menor... Nos túmulos judaicos na Síria, parece que sempre se utilizou o sistema de nichos nas paredes das câmaras mortuárias. Mas mesmo esse sistema comporta grande variedade. Em sua forma mais simples é uma abertura ou cavidade retangular na parede de rocha do túmulo, sendo que a base geralmente fica num nível mais elevado que o chão da câmara; e o comprimento e a profundidade são apenas suficientes para comportarem um corpo que ali seja colocado. Freqüentemente o teto desse nicho tem a curvatura de um arco, quer de um arco abaulado quer de uma abóbada plena; e essa também é a sua forma
usual quando ali se deposita um sarcófago."

No seu livro, o professor Guignebert faz esta afirmação totalmente infundada (p. 500): "A verdade é que não sabemos, e, com toda probabilidade, os discípulos também não sabiam, onde o corpo de Yeshua fora jogado depois de ter sido tirado da cruz, o que provavelmente foi feito pelos executores. É mais provável que tenha sido jogado na cova dos executados do que colocado num tumulo novo".

1D. O professor Guignebert faz essas afirmações sem ter qualquer prova para sustentá-las.
2D. Ele desconsidera totalmente o testemunho acerca desses acontecimentos, relatado pela literatura secular e eclesiastica dos três primeiros seculos.
3D. Ele ignora completamente a descrição  bastante objetiva apresentada pelos Evangelhos:

1E. Por que os evangelhos registram os detalhes seguintes se o corpo de Cristo na verdade não foi apanhado por José de Arimatéia?

"Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que era também discípulo de Yeshua. Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Yeshua. Então Pilatos mandou que lho fosse entregue" (Mateus 27:57, 58).

"Ao cair da tarde, por ser o dia da preparação, isto é, à véspera do sábado, vindo José de Arimatéia, ilustre membro do Sinédrio, que também esperava o reino de Deus, dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Yeshua. Mas Pilatos admirou-se de que ele já tivesse morrido. E, tendo chamado o centurião, perguntou-lhe se havia muito que morrera. Após certificar-se, pela informação do comandante, cedeu o corpo a José" (Marcos 15:42-45).

"E eis que certo homem, chamado José, membro do Sinédrio, homem bom e justo, (que não tinha concordado com o desígnio e ação dos outros), natural de Arimatéia, cidade dos judeus, e que esperava o reino de Deus, tendo procurado a Pilatos, pediu- lhe o corpo de Yeshua" (Lucas 23:50-52). "Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Yeshua, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe permitisse tirar o corpo de Yeshua. Pilatos lho permitiu. Então foi José de Arimatéia e retirou o corpo de Yeshua" (João 19:38).

Os registros dos Evangelhos falam por si mesmos: qualquer coisa pode ter acontecido ao corpo de Yeshua, menos ser jogado numa cova destinada aos executados!

2E. O que dizer sobre os relatos acerca dos preparativos para o sepultamento?

"E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo de linho" (Mateus 27:59).

José, "baixando o corpo da cruz, envolveu-o em um lençol que comprara..." (Marcos 15:46).
"Passado o Shabat, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamá-lO" (Marcos 16:1).

"As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus ...se retiraram para preparar aromas e
bálsamos" (Lucas 23:55, 56).

"Então foi José de Arimatéia... E também Nicodemos... foi, levando cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés. Tomaram, pois, o corpo de Yeshua e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro" (João 19:38b-40).

Por que esses detalhes estão registrados se não houve tais preparativos?

3E. O que dizer das mulheres que observaram enquanto José de Arimatéia e Nicodemos
preparavam e sepultavam o corpo de Yeshua?

"As mulheres... seguindo, viram o túmulo..." (Lucas 23:55), e "achavam-se ali, sentadas em frente da sepultura" (Mateus 27:61), e "observaram onde ele foi posto" (Marcos 15:47).
Certamente essas mulheres sabiam que existia um túmulo. O relato bíblico deixa bem claro esse ponto.

4E. Como é possível alguém ignorar os comentários registrados, feitos acerca do próprio túmulo?

"E José, tomando o corpo... o depositou no seu túmulo novo..." (Mateus 27:59, 60).
"... que tinha sido aberto numa rocha..." (Marcos 15:46).
"... onde ainda ninguém havia sido sepultado..." (Lucas 23:53).
O qual estava localizado "no lugar onde Yeshua fora crucificado ... um jardim..." (João 19:41).

O professor Alford, grande estudioso do grego, relata o que pôde observar sobre as provas contidas nas narrativas dos Evangelhos: "Apenas Mateus menciona que esse era um túmulo particular de José. Apenas João menciona que foi num jardim e no lugar onde Yeshua fora crucificado. Todos, à exceção de Marcos, assinalam que o túmulo era novo. João não menciona que o túmulo pertencia a Jose ..."

Sobre José de Arimatéia, Alford diz: "A razão para ele sepultar o corpo ali é que ficava perto, e o fato do dia da preparação estar-se avizinhando, tornava a pressa necessária".

Com base nos comentários de Alford, podemos concluir então que,"a partir dos dados aqui
apresentados, pode-se estabelecer os seguintes fatos sobre o sepulcro: (1) não era uma caverna natural, mas uma escavacao artificial na rocha; (2) não foi escavado para baixo, segundo o nosso costume, mas foi escavado horizontalmente ou quase horizontalmente, penetrando-se na parede da rocha".

5E. Por que os judeus pediram a Pilatos para colocar guardas no túmulo de Yeshua se esse túmulo não existiu?

"No dia seguinte, que é o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus e, dirigindo-se a Pilatos, disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o roubem, e depois digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que o primeiro. Disse- lhes Pilatos: Aí tendes uma escolta; ide e guardai sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e
deixando ali a escolta" (Mateus 27:62-66).

Aliás, conforme o professor Major expressa de modo tão claro, facilmente se vê a verdade sobre o assunto: "Caso o corpo de Yeshua tivesse sido apenas jogado abandonado numa cova comum, não teria havido motivo possível para a ansiedade com que Seus inimigos espalharam a informação de que o corpo fora roubado".

6E. O que iremos pensar sobre a visita das mulheres ao túmulo depois do sábado?

"No findar do Shabat, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro" (Mateus 28:1).
"E muito cedo, no primeiro dia da semana, ao despontar do sol, foram ao túmulo" (Marcos 16:2).
"... no primeiro dia da semana, alta madrugada, foram elas (as mulheres que tinham vindo da Galiléia com Yeshua) ao túmulo, levando os aromas que haviam preparado" (Lucas 24:1).

"No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra estava revolvida" (João 20:1).

Se Yeshua não tivesse sido realmente sepultado no túmulo de José, relatos de uma visita dessas não estariam nas narrativas dos Evangelhos.

7E. O que iremos pensar sobre a visita de Pedro e João ao túmulo, depois de ouvirem a história contada pelas mulheres?

Pedro, porém, levantando-se, correu ao sepulcro. E, abaixando-se, nada mais viu senão os lençóis de linho; e retirou-se para casa, maravilhado do que havia acontecido" (Lucas 24:12).
"Saiu, pois Pedro e o outro discípulo, e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de Yeshua, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar à parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu" (João 20:3-8).

De modo semelhante Guignebert também ignora a prova representada por esta narrativa.

8E. Wilbur M. Smith diz o seguinte sobre a hipótese de Guignebert: "Ele nega o fato que os quatro Evangelhos declaram explicitamente, a saber, que o corpo de Yeshua foi colocado no túmulo de José de Arimatéia. Ao negar esse acontecimento ele não apresenta qualquer prova que refute as narrativas dos Evangelhos, mas faz uma afirmação que é fruto de sua própria imaginação. Na verdade, pode-se dizer que sua afirmação acerca do corpo de Yeshua não é fruto apenas de sua imaginação, mas também de sua conclusão preconcebida (um preconceito de natureza filosófica, e não histórica)..."

As provas falam claramente por si mesmas, mas o professor Guignebert recusa-se a admitir as provas pelo fato de que elas não se harmonizam com a sua cosmovisâo de que o miraculoso é impossível. O professor francês tira suas conclusões apesar das provas, e não devido a elas. De fato, citando as palavras de Smith sobre essa teoria, "nós a rejeitamos por não possuir qualquer base histórica e, por essa razão, não merece maior consideração ao estudarmos os quatro documentos historicos que temos diante de nós, que são conhecidos pelo nome de Evangelhos".


3. O SEPULTAMENTO

Ao tratar das narrativas que descrevem o sepultamento de Yeshua no sepulcro de José de Arimatéia, Wilbur Smith escreve: "Temos mais conhecimento sobre o sepultamento do Senhor Yeshua do que temos sobre o sepultamento de qualquer outro indivíduo em toda a história antiga. Sabemos muitíssimo mais sobre Seu sepultamento do que sobre o sepultamento de qualquer outra personagem do Antigo Testamento, de qualquer rei da Babilônia, Faraó do Egito, de qualquer filósofo grego, ou de qualquer César vitorioso. Sabemos quem tirou Seu corpo da cruz; sabemos algumas coisas sobre o corpo ter sido
envolvido em especiarias e em tecidos apropriados; temos informações sobre o próprio túmulo em que esse corpo foi colocado, o nome do homem que o possuía, José, oriundo de uma cidade conhecida como Arimatéia; sabemos até mesmo onde esse túmulo estava localizado, num jardim próximo ao lugar onde Ele foi crucificado, fora dos muros da cidade. Dispomos de quatro narrativas sobre o sepultamento de nosso Senhor, todas elas concordando entre si de modo surpreendente: a narrativa de Mateus, um discípulo de Yeshua que esteve presente quando Ele foi crucificado; a narrativa de Marcos, cujo Evangelho alguns afirmam que foi escrito até dez anos depois da ascensão do Senhor; a narrativa de Lucas, um companheiro do apóstolo Paulo e grande historiador; e a narrativa de João, que foi o último a se afastar da cruz e que, com Pedro, foi o primeiro dos doze a, na manhã do primeiro dia da semana após Pessach, ver o túmulo vazio".


O historiador Alfred Edersheim apresenta os seguintes detalhes sobre os costumes dos judeus quanto ao sepultamento: "Não apenas os ricos, mas até mesmo aquelas pessoas razoavelmente prósperas possuíam seus próprios túmulos, os quais eram provavelmente adquiridos e preparados bem antes de se tornarem necessários, sendo considerados e herdados como propriedade pessoal e particular. Nessas cavernas, ou túmulos escavados na rocha, eram colocados os corpos, após serem ungidos com muitas especiarias, com
murta, aloés, e, numa época posterior, também com hissopo, essência de rosas e água de rosas. O corpo era vestido e, num período posterior, envolto, se possível, num tecido gasto em que, originalmente, um Rolo da Lei tivesse sido acondicionado. Os 'túmulos' ou eram 'escavados na rocha', ou eram 'cavernas' naturais, ou então câmaras mortuárias com grandes paredes, com nichos junto a essas paredes".

Sobre o sepultamento de Yeshua diz Edersheim: "É possível que a aproximação do santo Shabat e a conseqüente necessidade de pressa tenham dado a José de Arimatéia, ou tenham-lhe imposto, a idéia de colocar o Corpo de Yeshua em seu túmulo particular escavado na rocha, onde ninguém ainda havia sido sepultado..."

"A cruz foi descida e deitada no chão; os terríveis cravos foram arrancados e as cordas foram soltas. José, junto com aqueles que o ajudavam, 'envolveu' o Corpo Sagrado 'em lençóis de linho' e rapidamente O levou ao túmulo escavado na rocha, que ficava no jardim ali vizinho. Esse tipo de túmulo ou caverna escavada na rocha (meartha ) possuía nichos (kukkin ), onde os mortos eram colocados. Deve-se lembrar que na entrada do 'túmulo' — e já dentro da 'rocha' — havia 'um pátio' quadrado, com cerca de dois metros e setenta centímetros de cada lado, onde geralmente era colocado o estrado onde fora transportado o corpo
e onde as pessoas que o haviam carregado se reuniam para os ofícios fúnebres finais."

Em seguida Edersheim menciona que "...aquele outro membro do Sinédrio, Nicodemos... veio então, trazendo 'um rolo' de mirra e aloés, naquela combinação de perfumes bem conhecida dos judeus, os quais a utilizavam com o propósito de ungir ou de preparar o corpo para sepultamento".

Foi no 'pátio' do túmulo que se deu o apressado embalsamamento — se é que se pode chamar aquilo de embalsamamento."

A época de Yeshua era costume utilizar grandes quantidades de especiarias para embalsamar o morto, especialmente no caso em que a pessoa morta era muito estimada.
Michael Green dá alguns detalhes sobre a preparação que os restos mortais de Yeshua receberam para o sepultamento: "O corpo foi posto numa saliência de pedra, envolvido e bem apertado em tiras de pano, e coberto com especiarias. O Evangelho de João nos diz que cerca de 32 quilos de especiarias foram utilizados, e essa quantidade foi provavelmente suficiente. José era um homem rico e, sem sombra de dúvida, queria compensar a covardia que tinha tido durante a vida de Yeshua dando-lhe um esplêndido funeral. A quantidade, embora grande, tem inúmeros paralelos. O rabino Gamaliel, um contemporâneo de
Yeshua, ao morrer foi embalsamado com cerca de 36 quilos de especiarias".

Flávio Josefo, o historiador judeu do primeiro século, cita o funeral de Aristóbulo, que foi "assassinado com dezoito anos incompletos, e tendo ocupado o sumo sacerdócio por apenas um ano" (Antiguidades dos Judeus, 15.3.3).
Por ocasião do funeral de Aristóbulo, Herodes "providenciou para que a cerimônia fosse bem
imponente, através de grandes preparativos para o sepulcro receber o seu corpo, e através de uma grande quantidade de especiarias, e mediante a colocação junto ao corpo de muitos objetos de adorno" (Antiguidades dos Judeus, 17.8.3).

O professor James Hastings diz o seguinte sobre os panos encontrados no túmulo vazio de Yeshua: "Já à época de Crisóstomo (século quarto A.D.) chamava-se a atenção para o fato de que a mirra era uma substância que gruda tão fortemente no corpo que os panos que envolviam o corpo não se removiam com facilidade".

Merrill Tenney assim explica a questão dos panos: "Ao se preparar um corpo para o sepultamento, de acordo com o costume judaico, geralmente lavava-se e endireitava-se o corpo, e então enrolava-se apertadamente o corpo, desde as axilas até o tornozelo, com faixas de linho de aproximadamente trinta centímetros de largura. Especiarias aromáticas, freqüentemente de uma consistência pegajosa, eram postas entre uma camada e outra de pano. Em parte elas ajudavam a preservar o corpo e em parte serviam como um adesivo para colar as tiras de pano, formando um revestimento sólido... O termo empregado por
João, literalmente 'atou' (no grego edesan ), está em perfeita harmonia com o que encontramos em Lucas 23:53, onde o escritor afirma que José de Arimatéia envolveu o corpo de Yeshua num lençol de linho... Na manhã do primeiro dia da semana o corpo de Yeshua desapareceu, mas os panos em que fora enrolado o corpo ainda estavam ali..."

Em The International Standard Bible Encyclopedia (Enciclopédia Bíblica Modelar Internacional), o professsor George B. Eager diz o seguinte do sepultamento de Yeshua: "Foi em estrita obediência aos costumes e determinações da lei mosaica (Deuteronômio 21:23: 'O seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia: porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus: assim não contaminaras a tua terra, que o Senhor teu Deus te dá como herança'; cf. Gálatas 3:13: 'Yeshua nos resgatou da maldição prevista na Lei, fazendo-se ele próprio maldição em
nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro'), bem como de conformidade com os impulsos verdadeiramente humanos, que José de Arimatéia foi até Pilatos e lhe solicitou o corpo de Yeshua, para sepultá-lo no próprio dia da crucificação (Mateus 27:58ss)".

O professor Eager ainda comenta o seguinte: "Os missionários da Síria e os naturais desse país nos relatam que lá ainda é costume lavar o corpo (cf. João 12:7; 19:40; Marcos 16:1; Lucas 24:1), atar mãos e pés com tiras de pano, geralmente de linho (João 19:40) e cobrir o rosto ou envolvê-lo com um lenço ou um pano um pouco maior (João 11:44b). Ainda é costume colocar nesses panos que envolvem o corpo especiarias aromáticas e outros preparados que retardem a decomposição... A Bíblia nos conta que, para o sepultamento de Yeshua, Nicodemos levou 'cerca de cem libras de um composto de mirra e aloés', e que Maria Madalena e duas outras mulheres compraram aromas com o mesmo propósito (Marcos 16:1; Lucas 23:56)".

Henry Latham apresenta estes detalhes a respeito do sepultamento de Yeshua: "Com base em escritos bem antigos pode-se supor que o corpo era levado para o sepultamento sem um caixão ou sem qualquer outra espécie de invólucro. Era carregado num estrado sobre os ombros dos homens e, vestido de modo usual, enrolado com faixas de pano, a fim de, talvez, manter as especiarias junto ao corpo, ou então era atado com pano de linho. O dr. Edersheim (vol. 1, p. 556) diz que 'o rosto do corpo morto não era coberto.
O corpo jazia com o rosto voltado para cima e as mãos cruzadas sobre o peito'. A julgar pelo costume existente... creio que o pescoço e a parte superior dos ombros geralmente não era envolta em panos, da mesma forma como acontecia com o rosto".
"Conforme lemos (João 19:38-41), foi com bastante pressa que Nicodemos e José de Arimatéia prepararam o corpo do Senhor para o sepultamento. Creio que o corpo foi envolvido com três ou quatro camadas de linho, com uma abundante quantidade de especiarias entre uma camada e outra, e que o lenço foi colocado em volta da cabeça, tendo-se dado um laço com as pontas do lenço. Quando o corpo foi posto no túmulo, a cabeça provavelmente descansou sobre a parte mais elevada do túmulo, a qual servia de
travesseiro".

"Chegamos agora à questão das especiarias. Nem no Evangelho de São João, nem em qualquer dos outros se diz que foram vistas especiarias no túmulo. Isso assume um aspecto significativo em meu raciocínio. Em geral já se tem observado que a quantidade de especiarias que, segundo São João, Nicodemos levou para preparar o corpo para o túmulo, era extremamente grande. No entanto, para mim a quantidade não é tão importante quanto o fato, que parece ser confirmado pelos principais estudiosos do assunto, de que as  especiarias eram secas e que, assim sendo cairiam pelo chão caso o corpo fosse colocado de pé ou caso os panos fossem removidos. Cem libras de especiarias faziam uma quantidade que seria facilmente vista devido ao grande volume que ocupava. O que é chamado de 'aloés' era um tipo aromático triturado ou reduzido a pó, enquanto a mirra era uma cola muito perfumada, que, em pequenas quantidades, era misturada a madeira em pó. Conforme ainda podemos descobrir, também era costume ungir o corpo com um ungüento semi-líquido, o nardo, por exemplo. Um dos efeitos dessa unção era fazer com que o pó imediatamente grudasse no corpo, mas em sua maior parte o pó permanecia seco. Também ungiam a cabeça e o cabelo com esse ungüento. Não encontro informações de que a especiaria em pó fosse aplicada no rosto ou na cabeça. No entanto, quando o corpo
de Nosso Senhor foi rapidamente preparado para o sepultamento, acredita-se que não houve tempo para ungir o corpo ou para qualquer processo mais elaborado, pois o pôr-do-sol rapidamente se aproximava e, junto com ele, chegaria o Shabat. É possível que o corpo tenha sido apenas envolto com especiarias em pó. Pode ser que as mulheres, dentro do que estava ao seu alcance, tenham desejado reparar essa omissão e que aquilo que elas levaram na manhã de domingo tenha sido nardo, ou algum ungüento precioso, a fim de terminar a unção. João menciona apenas mirra e aloés, mas Lucas diz que as mulheres prepararam
aromas e balsamos, e em Marcos lemos que elas 'compraram aromas para irem embalsamá-lo' (16:1). Provavelmente elas não pretendiam remover os panos, mas apenas ungir a cabeça e o pescoço com os ungüentos".


4. A PEDRA

Acerca daquilo que cobria a entrada do túmulo de Yeshua, A. B. Bruce diz: "Os judeus chamavam a pedra de golel. "

H. W. Hollo wman, citando G. M. Mackie, diz: "A entrada para a câmara central era protegida por um grande e pesado disco de pedra, que podia ser rolado por uma fenda, ligeiramente abaulada no centro, em frente a entrada do túmulo".

O professor T. J. Thorburn menciona que a finalidade dessa pedra era servir de "proteção tanto contra homens como contra animais". E dá mais detalhes: "Essa pedra é freqüentemente mencionada pelos talmudistas. De acordo com Maimônides, também se utilizava uma estrutura ex lingo, alia Materia". Sobre o tamanho enorme de uma pedra dessas, o dr. Thorburn comenta: "Geralmente eram necessários alguns homens para removê-la. Uma vez que a pedra que foi posta na entrada do túmulo de Yeshua tinha o
objetivo de evitar um roubo já previsto, provavelmente era uma pedra ainda maior do que o normal! "

Ainda, sobre o peso enorme da pedra, Thorburn comenta: "Uma glosa no Códice Bezae (isto é, uma frase escrita entre parêntesis dentro do texto de Marcos 16:4 e que se encontra nesse manuscrito do século quarto — Codice Bezae, atualmente na Biblioteca da Universidade de Cambridge) acrescenta: E quando ele foi sepultado ali, José colocou à entrada do túmulo uma pedra que nem vinte homens eram capazes de remover". Percebe-se o significado da observação feita pelo Dr. Thorburn quando se leva em conta as regras de transcrição de manuscritos. O costume era que, se um copista desejasse enfatizar sua própria interpretação, iria escrever seu pensamento na margem e não dentro do próprio texto. Pode-se concluir, então, que aquela interpolação no texto foi copiada de um texto ainda mais próximo da época de Yeshua, talvez de um manuscrito do primeiro século. É possível, então, que a frase tenha sido registrada por uma testemunha ocular que ficou impressionada com a enormidade da pedra que foi posta à entrada do túmulo de Yeshua.
Gilbert West, da Universidade de Oxford, também assinala a importância desse trecho do
Códice Bezae na sua obra Observations on the History and Evidences ofthe Resurrection of Yeshua (Comentários sobre a História e as Provas da Ressurreição de Yeshua; pp. 37, 38).

O professor Samuel Chandler diz: "Neste detalhe todas as Testemunhas concordam que, quando as mulheres vieram, encontraram a pedra rolada ou removida. As mulheres não tinham condições de fazê-lo, pois a pedra era grande demais para que a movessem".

O professor Edersheim, o judeu-messiânico que é uma fonte de informações excepcionalmente boa no que diz respeito ao fundo histórico da época do Novo Testamento, faz o seguinte relato sobre o sepultamento de Yeshua: "E assim eles o colocaram no nicho do túmulo novo escavado na rocha. E, ao irem embora, conforme o costume, rolaram uma 'grande pedra' — chamada golel — fechando a entrada do túmulo, e, provavelmente, servindo de apoio a essa pedra maior, colocaram uma de menor tamanho, que era chamada dopheg. É possível que tenha sido onde uma pedra se encostava na outra que, no dia seguinte, embora fosse Shabat, as autoridades judaicas tenham colocado o selo, de modo que o menor movimento de uma das duas pedras se tornasse visível".

Diz o professor Frank Morison, ao comentar sobre a visita de Maria e suas amigas ao túmulo de Yeshua, naquela manhãzinha do primeiro dia da semana: "A questão de como elas iriam remover essa pedra logicamente deve ter sido uma fonte de considerável preocupação para as mulheres. Pelo menos duas delas haviam assistido ao enterro e tinham uma idéia aproximada de como as coisas estavam. A pedra, da qual se sabe que era grande e bastante pesada, era a maior dificuldade para elas. Portanto, quando lemos na narrativa mais
antiga, a do Evangelho de Marcos, a pergunta que fizeram, — 'Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?' — dificilmente conseguimos deixar de sentir que essa preocupação das mulheres com a questão da pedra não é apenas o reflexo de um estado psicológico, mas um aspecto bem real em que tiveram de pensar até que chegaram ao túmulo".

Morison chama a pedra no túmulo de Yeshua de "aquela testemunha silenciosa e infalível em todo o acontecimento — e existem determinados fatos sobre essa pedra que requerem uma análise e investigação bem cuidadosas".

"Comecemos analisando o seu tamanho e sua forma provável... Sem dúvida... a pedra era grande e, conseqüentemente, bastante pesada. Esse fato é dito de modo explícito ou implícito por todos os escritores que mencionam a pedra. Marcos fala que ela era 'muito grande'. Mateus se refere a ela como sendo 'uma grande pedra'. Uma confirmação adicional desse detalhe é o relato da ansiedade experimentada pelas mulheres quanto à maneira como iriam remover a pedra. Se a pedra não fosse muito pesada, juntas as três mulheres teriam tido força suficiente para movê-la. Fica, portanto, bem claro para nós que aquela pedra era, no mínimo, pesada demais para as mulheres a removerem sem qualquer outra
ajuda. Tudo isso tem claras implicações em toda essa questão..."


5. O SELO

Mateus 27:66 afirma: "Indo eles, montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta".

A. T. Robertson diz que o método utilizado para selar o túmulo de Yeshua foi "...provavelmente uma corda esticada ao longo da pedra e selada em cada uma das pontas, como em Daniel 6:17 ('Foi trazida uma pedra que foi colocada sobre a boca da cova; selou-a o rei com o seu próprio anel, e com o dos seus grandes, para que nada se mudasse a respeito de Daniel.'). O selo foi colocado na presença dos guardas romanos, que ali foram deixados com a responsabilidade de proteger esse selo, símbolo da autoridade e do poder de Roma.
Fizeram o melhor possível para evitar o roubo do corpo e a ressurreição, mas foram incapazes de fazê-lo, pois estava fora do seu alcance, e forneceram testemunho adicional sobre o túmulo vazio e a ressurreição de Yeshua".

A. B. Bruce notou que "a cláusula participial (selando a pedra) é um parêntesis que indica uma precaução adicional, a de selar a pedra, com uma linha ao redor da pedra, selada no túmulo em ambas as pontas. Aqueles homens valorosos fizeram o melhor para evitar o roubo — e a ressurreição!"

Henry Summer Maine, "...membro do Conselho Supremo da Índia, ex-consultor de Jurisprudência e Direito Civil do Middle Temple, uma das ordens de advogados da Grã-Bretanha, e ex-professor de Direito Civil na Universidade de Cambridge" se manifesta sobre a autoridade legal que estava relacionada com o selo romano. Ele assinala que o selo era realmente "um meio de confirmar a autoridade romana".

Na área do Direito, Maine prossegue: "É possível observar que os selos dos Testamentos Romanos e de outros documentos importantes não apenas serviam como sinal da presença invisível ou da aquiescência do signatário, mas também eram literalmente fechos que tinham de ser quebrados antes que se pudesse proceder à leitura".

De modo análogo, analisando a proteção dada ao túmulo de Yeshua, o selo romano ali aposto tinha o propósito de evitar qualquer ato de vandalismo contra o sepulcro. Quem quer que tentasse mover a pedra da entrada do túmulo iria quebrar o selo e, assim, incorreria na ira da lei romana.

O professor Henry Alford diz: "A selagem se fazia através de uma corda ou cordel posto ao redor da pedra que ficava à entrada do sepulcro, e preso à rocha em ambas as pontas pela argila de selagem".

Marvin Vincent comenta: "A idéia geral é que eles selaram a pedra na presença dos guardas e, então, deixaram-nos vigiando. Era importante que os guardas testemunhassem o instante da selagem. Esta se fazia esticando-se uma corda junto à pedra e prendendo-a na rocha, nas duas pontas, com a ajuda de argila de selagem. Ou, caso a pedra à entrada do túmulo estivesse apoiada por uma viga, esta última era selada à rocha".

O professor D. D. Shedon diz: "Dessa forma, era impossível abrir a porta sem quebrar o selo; o que constituía um crime contra a autoridade do proprietário do selo. A guarda foi ali colocada para evitar um golpe por parte dos discípulos, e o selo, para evitar que a guarda cooperasse secretamente com os discípulos. Semelhantemente isto ocorre em Daniel 6:17: 'Foi trazida uma pedra e posta sobre a boca da cova; selou-a o rei com o seu próprio anel, e com o dos seus grandes'. "

João  Crisostomo, arcebispo de Constantinopla no século quarto, registra os seguintes comentários sobre as medidas de segurança tomadas junto ao túmulo de Yeshua: "De qualquer modo, repare como estas palavras dão testemunho de cada um desses fatos. Eles mesmos disseram: 'Lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse (portanto, Ele já estava morto): Depois de três dias ressuscitarei. Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança' (portanto, Ele já estava sepultado) 'para não
suceder que, vindo os discípulos, o roubem'.

O raciocínio era: se o sepulcro estiver selado, não ocorrerá qualquer negócio excuso. Pois logicamente não deveria ocorrer. De modo, então, que a prova da Sua ressurreição tornou-se indiscutível devido ao que vocês mesmos sugeriram. Pois, estando o sepulcro selado,
não houve qualquer negócio excuso. Mas se não ocorreu qualquer negócio excuso e o sepulcro foi encontrado vazio, então fica patente, sendo algo indiscutível, que ele ressuscitou. Percebe você como até contra a própria vontade eles ajudam a demonstrar a verdade?"


6. A GUARDA JUNTO AO TÚMULO

Mateus 27:62-66 diz: "No dia seguinte, que é o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus e, dirigindo-se a Pilatos, disseram-lhe: Senhor, lembramo-nos do que aquele embusteiro, enquanto vivia, disse: Depois de três dias ressuscitarei. Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, para não suceder que, vindo os discípulos, o roubem, e depois digam ao povo: Ressuscitou dos mortos; e será o último embuste pior que o primeiro. Disse-lhes Pilatos: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer. Indo eles, montaram guarda ao
sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta".

Ao comentar sobre essa passagem, Albert Roper, em Did Yeshua Rise from the Dead? (Yeshua Ressuscitou dos Mortos?), faz as seguintes observações: "Tendo à frente Anás e Caifás, sumos sacerdotes, uma comissão de líderes judeus procurou Pilatos para solicitar que o túmulo onde Yeshua estava sepultado fosse selado e para que uma guarda romana fosse posta ali ao lado. Justificaram o pedido falando do receio de que os amigos de Yeshua viessem sorrateiramente à noite e roubassem Seu corpo a fim de fazer parecer que tinha
havido uma ressurreição".

"A esse pedido o complacente Pilatos respondeu: Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parece. E eles foram, seguidos por uma guarda de soldados romanos, composta de dez a trinta soldados, os quais, sob a orientação dos judeus, selaram o túmulo de José de Arimatéia com os Selos Imperiais de Roma, também imprimindo em cera o sinete oficial do próprio procurador romano, sendo que constituía um crime muito sério o simples ato de obliterar ou destruir esse selo. Assim, sem o saber, esses zelosos inimigos de Yeshua com antecedência lançaram um desafio irrespondível à explicação
que posteriormente dariam sobre a ressurreição — uma explicação que, pela própria natureza das coisas, não explicou e, logicamente, não poderia explicar" a ressurreição.

O professor Albert Roper prossegue: "No comando da guarda estava um centurião designado por Pilatos, presumivelmente alguém em quem ele depositava toda confiança, centurião cujo nome, de acordo com a tradição, era Petrônio".
"Portanto, é razoável presumir que havia motivos para confiar que esses representantes do Imperador cumpririam o dever de guardar o túmulo de modo tão rigoroso e fiel como haviam executado a crucificação. Não possuíam o menor interesse na tarefa a que foram designados. Seu único propósito e obrigação era cumprir estritamente o seu dever de soldados do império romano, ao qual haviam dedicado sua lealdade. O selo romano aposto na pedra, ali no túmulo de José, era para eles bem mais sagrado do que toda a filosofia de Israel ou a santidade das antigas crenças do povo de Deus. Soldados com suficiente sangue frio para sortear a capa de uma vítima agonizante não são o tipo de gente que seria  enganada por tímidos galileus ou que arriscaria o pescoço por dormir no posto".

Tem havido bastante debate sobre a expressão encontrada em Mateus 27:65: "Aí tendes uma escolta." A questão é se essa expressão se refere à "polícia do templo" ou a uma "escolta romana". O professor Alford diz que se pode traduzir a frase de duas maneiras: "(1), com o verbo no modo indicativo, tendes, mas aí surge a questão: que escolta eles tiveram? e se já tinham uma, por que ir até Pilatos? Talvez devamos interpretar como sendo algum destacamento posto à disposição deles durante a festa — mas parece que não existe qualquer registro de tal prática... (2)... com o verbo no imperativo... com o que o sentido... seria: tomai um grupo de homens para servir de guarda ". E. Le Camus diz: "Alguns acreditam que Pilatos aqui se refere aos servidores do templo, os quais os sumos sacerdotes tinham a seu serviço e que eles podiam, com vantagem, empregar na guarda de um túmulo. Seria mais fácil explicar o suborno destes últimos do que o suborno de soldados romanos,
induzindo-os a dizer que haviam dormido enquanto deveriam estar vigiando.

No entanto, a palavra... (koustodia, de origem latina, parece indicar uma escolta romana, e a menção do governador... (São Mateus 28:14) deve fazer com que esta interpretação prevaleça".

A. T. Robertson, o renomado erudito da língua grega, diz que na expressão "echete koustodian o verbo está no presente do imperativo ('tomai uma escolta') e se refere a uma escolta de soldados romanos, e não a simples guardas do templo".  Além disso, Robertson observa que "a palavra latina koustodia aparece num papiro de 22 A.D."

O professor T. J. Thorbum comenta: "Geralmente se crê que Mateus, ao mencionar a escolta, quis se referir a uma escolta de soldados romanos... No entanto, os sacerdotes dispunham de uma guarda judaica para o templo, que provavelmente não teria permissão dos romanos para desempenhar quaisquer tarefas fora da área do templo. Pode-se entender, portanto, a resposta de Pilatos em qualquer um dos dois sentidos: ou 'tomai uma escolta' ou 'vós tendes uma escolta' (uma forma polida de rejeitar o pedido, caso este fosse um pedido de soldados romanos). Caso a escolta tenha sido judaica, isso explicaria o fato de que Pilatos não fez caso da negligência. O versículo 14 ('Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o
persuadiremos, e vos poremos em segurança.'), contudo, parece ir contra essa idéia..."

A. B. Bruce diz o seguinte sobre a expressão "vós tendes": "... provavelmente é o modo imperativo, não o indicativo — apanhai as vossas sentinelas, a aquiescência imediata de alguém que acredita que provavelmente não haverá necessidade da escolta, mas que não faz objeções para poder satisfazer o desejo deles numa questão sem importância".

Arndt e Gingrich (A Greek-English Lexicon of theNew Testament - Léxico Grego-Inglês do Novo Testamento. University of Chicago Press, 1952) a definem {koustodia) como sendo "uma escolta composta de soldados" (Mateus 27:66; 28:11)... 'tornai uma escolta" 27:65.

O professor Harold Smith, no livro A Dictionary of Yeshua and the Gospels (Dicionário de Yeshua e dos Evangelhos) fornece as seguintes informações sobre a escolta romana:

"ESCOLTA ou GUARDA - Tradução da palavra grega koustodia, proveniente do latim custodia, Mateus 27:65, 66; 28:11. Os principais sacerdotes e fariseus obtiveram de Pilatos uma escolta para guardar o sepulcro. A necessidade da autorização de Pilatos e o risco de punição aplicada por ele (Mateus 28:14) mostra que essa escolta deve ter se consistido não de guardas judeus do templo, mas de soldados da corte romana em Jerusalém; é possível, embora improvável, que tenham sido os mesmos soldados que haviam guardado a cruz...  Em Mateus 27:65 o verbo está provavelmente no imperativo: 'tomai uma escolta'".

O dicionário de Latim de Lewis e Short registra o seguinte verbete: "Custodia, ae. substantivo feminino — vigilancia, vigilia, guarda, cuidado, proteção. 1. Geralmente no plural e em linguagem militar: pessoas que servem de guardas, escolta, vigia, sentinela".

O contexto parece confirmar a idéia de que foi uma "escolta romana" a que foi empregada para proteger o túmulo de Yeshua. Se Pilatos, para se ver livre deles, lhes tivesse dito que usassem os "guardas do templo", então estes seriam responsáveis perante os principais sacerdotes e não perante Pilatos. Todavia, caso Pilatos lhes tenha entregado uma "escolta romana" para guardar o túmulo, então essa escolta seria responsável perante Pilatos e não perante os principais sacerdotes. A chave para elucidar a questão encontra-se nos versículos 11 e 14 do capítulo 28.

O versículo 11 diz que os guardas vieram e relataram o ocorrido aos principais sacerdotes. À primeira vista parece que eles eram responsáveis perante os principais sacerdotes. Mas, se alguns dos guardas tivessem contado o caso a Pilatos, seriam mortos imediatamente, conforme será explicado logo abaixo. O versículo 14 confirma que era uma escolta romana, diretamente subordinada a Pilatos.

"Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e vos poremos em
segurança." Se eles eram guardas do templo, por que se preocupar com a possibilidade de Pilatos ouvir a respeito? Não há qualquer indício de que Pilatos tivesse jurisdição sobre os guardas do templo. Creio que o que ocorreu foi o seguinte: Eles formavam uma "escolta romana" a quem Pilatos dera instruções para guardar o túmulo, a fim de agradar toda a hierarquia religiosa judaica e de manter bom relacionamento com ela. Com bastante tato os principais sacerdotes solicitaram uma "escolta romana" (Mateus 27:64): "Ordena, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança..."

Se os sacerdotes tivessem desejado colocar guardas do templo junto ao túmulo, não teria havido necessidade de que o governador tratasse disso. E tendo acontecido a ressurreição, os soldados romanos vieram até aos principais sacerdotes em busca de proteção, pois sabiam que os sacerdotes poderiam influenciar Pilatos e evitar que fossem executados: "... nós o persuadiremos (isto é, ao governador Pilatos), e vos poremos em segurança" (Mateus 28:14b).


3D. A disciplina militar dos romanos

George Currie, falando acerca da disciplina dos soldados romanos, diz: "O castigo para quem
abandonasse o posto era a morte, conforme determinavam as leis (Dion. Hal., Antiq. Rom., 8.79). O mais famoso discurso sobre a rigidez da disciplina militar é aquele de Políbio (6.37-38), que menciona que o medo de punições fazia com que os soldados dedicassem total atenção ao dever, especialmente nas vigílias da noite. Esse texto carregava consigo a autoridade de alguém que estava descrevendo o que tivera oportunidade de ver com os próprios olhos. Em geral suas afirmações são citadas por outros autores".

Citando Políbio, o professor Currie diz: "Passar por um corredor de soldados munidos de porretes... é citado como um castigo para faltas cometidas durante as vigílias noturnas, roubo, falso testemunho e ferimentos infligidos no próprio corpo; também se menciona a dizimação como castigo para a deserção motivada por covardia".

Currie prossegue: "Vegécio fala da atenção que o comandante da legião dedicava diariamente à rígida disciplina (Instituicoes Militares, 11.9). E Vegécio deixa bem claro (Instituicoes Militares, 1.21) que os romanos de períodos anteriores (da época de Yeshua) exerciam uma disciplina mais rígida do que em sua própria época".

Ao falar acerca dos comentários de Vegécio sobre o exército romano, Currie diz: "O sistema que ele descreveu prescrevia as mais severas punições. O toque de atacar era o toque que a trombeta soava para anunciar uma execução (11.22). O comandante da legião tinha o dever de, diariamente, manter a mais estrita disciplina das tropas (11.9)".

Currie destaca: "Dentre os vários castigos previstos na Consolidação (de Justiniano) (49.16), dezoito faltas cometidas por soldados são passíveis de morte. A saber: o espião que ficar com o inimigo (-3.4), desertar (-3.11; -5.1-3), perder ou abandonar a sua própria arma (-3.13), desobedecer em tempo de guerra (-3.15), fugir do acampamento (-3.17), principiar uma insurreição (-3.19), recusar proteger um oficial ou abandonar o seu próprio posto (-3.22), sendo convocado, se esconder do serviço militar (-4.2), assassinar (-4.5), atacar um superior ou insultar um general (-6.1), empreender uma retirada quando o exemplo  influenciaria os outros (-6.3), revelar os planos ao inimigo (-6.4; -7), ferir um camarada de armas com uma espada (- 6.6), incapacitar-se a si mesmo ou tentar suicídio sem motivo razoável (-6.7), abandonar a vigília noturna (-10.1), quebrar o barrete do centurião ou beber nele enquanto é punido (13.4), fugir da casa da guarda (-13.5) e perturbar a paz (-16.1)".

O professor Currie documenta os seguintes exemplos, extraídos dos anais da história militar romana, que refletem o tipo de medidas disciplinares empregadas no exército romano: "Em 418 um soldado que carregava o estandarte não conseguia manter o passo, pelo que o general o matou com as próprias mãos; em 390 um soldado que dormiu em serviço foi atirado do cume do Capitólio (Consolidação, 49.16.3.6; 110.1); em 252 um soldado foi espancado e rebaixado de posto por negligência; em 218 há um caso de punição por negligência; em 195 um soldado que não conseguia manter o passo foi golpeado com uma
arma... Os tipos de punição acima mencionados certamente justificam o uso do adjetivo 'severo' em relação a eles".

Currie comenta ainda mais: "Uma vez que, dentre 102 casos em que se menciona a punição, a pena de morte foi aplicada em 40, fica claro que as punições no exército romano eram mais severas em relação às dos exércitos modernos". Currie se refere ao exército romano como "um instrumento de conquista e dominação" e, concernente à rígida disciplina, ele escreve: "Valério Máximo... cita a fiel observância da disciplina e doutrina militares (11.8 introdução; 11.9 introdução) (como sendo a razão básica para) as amplas conquistas e o vasto poder de Roma".

T. G. Tucker apresenta uma marcante descrição do armamento que um soldado romano costumava carregar: "Na mão direita ele costuma carregar a famosa lança romana. É uma arma resistente, com mais de um metro e oitenta centímetros de comprimento, feita com uma afiada cabeça de ferro afixada numa vara de madeira, a qual o soldado pode usar como uma baioneta ou atirar como um dardo e, então, lutar frente a frente com a espada. No braço esquerdo está um largo escudo, que pode ter vários formatos diferentes. Um formato comum é o escudo curvado nas extremidades para o lado de dentro, tal como a seção de um
cilindro de cerca de um metro e vinte centímetros de altura por uns setenta e cinco  centímetros de largura. Outro formato é o hexagonal — com um desenho em forma de diamante, mas com as pontas do diamante em ângulos retos. Às vezes é oval. É feito de vime ou de madeira, e coberto de couro e adornado com um brasão metálico, sendo que um brasão bastante conhecido é o de um raio. O escudo é carregado não apenas com a ajuda de uma alça, mas pode ser sustentado por um cinto que passa por cima do ombro direito. A
fim de não atrapalhar o movimento do escudo, a espada — uma arma mais para furar do que para cortar, com quase noventa centímetros de comprimento - fica pendurada do lado direito num cinto que passa por sobre o ombro esquerdo. Embora essa colocação da espada possa parecer desajeitada, é preciso lembrar que a espada não é necessária até que a mão direita se veja livre da lança e que, então, antes de puxá-la, a arma possa facilmente passar para o lado esquerdo por meio do cinto que a segura. No lado esquerdo o soldado
carrega um punhal preso ao cinto".


4D. O que era uma escolta romana?

Na obra Dictionary of Greek and Roman Antiquities (Dicionário sobre a Grécia e a Roma Antiga), o professor William Smith nos oferece alguma informação sobre o número de homens que compunha uma "escolta" romana. Segundo o dr. Smith, a manipula (uma subdivisão da legião romana), que tinha 120 ou 60 homens, "fornecia... para o tribuno a que fosse especialmente designada... duas escoltas... de quatro homens cada, que mantinham guarda, alguns defronte e outros detrás da tenda, entre os cavalos. Podemos assinalar, de passagem, que o número normal de soldados numa escolta romana era quatro... sendo que
destes um sempre estava de sentinela, enquanto que os outros desfrutavam um certo descanso, prontos, no entanto, a se pôr em ação ao primeiro sinal de alerta".

O professor Harold Smith relata: "Uma escolta era geralmente composta de quatro homens (Políbio, 6.33), cada um dos quais vigiava no seu turno enquanto os demais descansavam ao lado de modo a se porem em ação ao menor sinal; mas neste caso é possível que o número de guardas tenha sido maior".

Sobre uma escolta o professor Whedon diz: "Provavelmente era uma guarda composta de quatro soldados. Certamente esse era o número dos que vigiaram a crucificação. João 19:23..."


5D. O que era a guarda do templo?

O historiador judeu Alfred Edersheim nos fornece as seguintes informações sobre a "guarda do templo": "A noite, guardas eram colocados em vinte e quatro postos junto às portas e aos pátios. Desses postos, vinte e um eram ocupados apenas por levitas; os outros três postos, mais no interior do conjunto de edifícios, eram ocupados igualmente por sacerdotes e levitas. Cada guarda era constituída por dez homens, de modo que, ao todo, duzentos e quarenta levitas e trinta sacerdotes estavam de serviço todas as noites. Os guardas do templo eram substituídos durante o dia, mas não durante a noite. Esta os romanos
dividiam em quatro vigílias, mas os judeus corretamente dividiam em três, sendo que a quarta vigília era, na verdade, a vigília da manhã".

The Mishnah (A Mishnah; traduzida para o inglês por Herbert Danby, Oxford University Press, 1933) diz o seguinte acerca da guarda do templo: "Os sacerdotes montavam guarda em três lugares do templo: na Câmara de Abtinas, na Câmara da Chama e na Câmara do Coração; e os levitas em vinte e um lugares: nas cinco portas que ficaram no muro externo do templo, nos quatro cantos internos desse, muro, nas cinco portas do Pátio do Templo, nas quatro esquinas do lado de fora do pátio, na Câmara das Oferendas, na Câmara da Cortina e atrás do lugar onde ficava o propiciatório". 44/Middoth

O professor P. Henderson Aitken registra o seguinte: "A responsabilidade desse 'comandante da guarda do templo' era manter a ordem no templo, fazer a ronda nos postos de guarda durante a noite, e verificar que as sentinelas estivessem no seu devido lugar e alerta. Supõe-se que seja a ele e a seus subordinados imediatos que se refira a palavra 'magistrados'... mencionada em Esdras 9:2 e Neemias..."


6D. A disciplina militar da guarda do templo

Alfred Edersheim apresenta a seguinte descrição acerca da rígida disciplina em que trabalhava a guarda do templo: "Durante a noite 'o comandante do templo' fazia suas rondas. Ao aproximar-se, os guardas deviam ficar em posição de sentido e saudá-lo de uma determinada maneira. Qualquer guarda que fosse encontrado dormindo enquanto estava de serviço era espancado ou então tinha suas roupas incendiadas como punição algo que, como sabemos, de fato era aplicado. Daí a advertência a nós que, por assim dizer, estamos aqui como guardas do templo: 'Bem- aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes'
(Apocalipse 16:15)".

A Mishnah mostra o tratamento dado a quem quer que fosse encontrado dormindo durante a vigília: "O oficial da guarda do templo costumava fazer a ronda em cada vigília, tendo atrás de si tochas acesas, e, caso qualquer sentinela não se pusesse em posição de sentido e lhe dissesse: 'Ó oficial da guarda do templo, paz seja contigo!', e ficasse claro que ele estava dormindo, o oficial nele bateria com seu barrete e também tinha o direito de queimar as vestes da sentinela. E alguém perguntaria: 'Que barulho é esse no pátio do templo?' 'É o barulho de algum levita que está apanhando e de suas vestes queimadas porque dormiu durante a hora da sua vigília.' O rabino Eliezer ben Jacob contou: 'Certa vez encontraram o irmão de minha mãe dormindo e puseram fogo em suas vestes"'. 44/Middoth

TheJewish Encyclopedia (A Enciclopédia Judaica) comenta a respeito das "instalações dentro (do templo)", que aqueles que ali estavam de guarda "não tinham permissão para sentar e muito menos para dormir. O comandante da guarda verificava se todos estavam alerta, castigando o sacerdote que encontrasse dormindo no seu posto e, às vezes, até queimando a blusa que a sentinela vestia, para servir de advertência aos outros (Mid. K. 1)".


7D. Conclusão

Com referência às rígidas medidas de segurança tomadas junto ao túmulo de Yeshua, E. Le Camus diz: "Jamais se teve tanta preocupação com um criminoso após sua execução. Acima de tudo, jamais um homem crucificado teve a honra de ser guardado por um pelotão de soldados".

O professor G. W. Clark conclui: "De modo que tudo aquilo que estava ao alcance da habilidade e do cuidado humanos foi feito para evitar uma Ressurreição, a qual estas mesmas precauções diretamente tenderam a apontar e confirmar". 10/Mateus 27:35


7. OS DISCÍPULOS SEGUIRAM SEU PRÓPRIO CAMINHO


No seu Evangelho, Mateus nos mostra a covardia dos discípulos (26: 56). Yeshua havia sido preso no jardim do Getsêmani e "então os discípulos todos, deixando-o, fugiram". Marcos, por sua vez, diz (14:50): "Então, deixando-o todos fugiram".
O professor George Hanson comenta: "É natural que eles não estivessem muito corajosos nem com a mente muito aberta. Da maneira mais covarde possível, quando seu Mestre foi preso, eles O abandonaram e fugiram, deixando-o a enfrentar sozinho o Seu destino".

O professor Albert Roper menciona o fato de Simão Pedro "se encolher de medo diante da provocação de uma criada no pátio dos sumos sacerdotes e negar, com impropérios, que ele conhecesse 'esse homem de quem falais'".

Ele afirma que "o medo, o desprezível medo por sua própria segurança pessoal, levou Pedro a rejeitar o Homem que ele verdadeiramente amava. O medo e a covardia, fez com que Pedro não fosse fiel Aquele que o chamara de suas redes para se tornar um pescador de homens".

Acerca do caráter dos discípulos, Roper comenta: "Eram galileus, em sua maior parte oriundos do meio dos pescadores, todos eles mais ou menos desacostumados com as cidades grandes e com o estilo de vida urbana. Um após outro, eles haviam se tornado seguidores do jovem Mestre de Nazaré e se consagrado ao Seu estilo de vida. Haviam-nO seguido com alegria e respeito até que chegou a hora da crise. Quando Ele foi preso nas cercanias do Jardim do Getsêmani, todos fugiram, assustados com o clarão das tochas, o vozerio e o barulho das espadas". "Esconderam-se no local onde estavam hospedados, e nada se ouviu deles até que, na manhã do terceiro dia, a surpreendente notícia chega até eles por boca de Maria Madalena. Diante disso, dois — apenas dois — têm a coragem de se arriscar a sair para verificar por si mesmos se a notícia que Maria lhes contara era exatamente como ela dissera ou se era, conforme eles mesmos acreditavam, um 'delírio'.  A
conduta toda dos discípulos revela um medo enorme e miserável, e uma preocupação com a preservação da própria vida".

Alfred Edersheim indaga: "O que será que José de Arimatéia, Nicodemos e os outros discípulos de Yeshua, bem como os apóstolos e as mulheres piedosas estavam pensando acerca do Messias morto?"

A essa pergunta ele responde: "Criam que Ele estava morto e não esperavam que Ele ressurgisse dentre os mortos — pelo menos não no sentido que atribuímos à palavra. Quanto a isso existe uma abundância de provas, desde o momento da Sua morte, a saber: as especiarias fúnebres trazidas por Nicodemos, aquelas preparadas pelas mulheres (sendo que nos dois casos o objetivo das especiarias era retardar a decomposição), a tristeza das mulheres junto ao túmulo vazio, a suposição delas de que o Corpo fora removido, a perplexidade e o comportamento dos apóstolos, as dúvidas de tantos, e até mesmo na
declaração explícita: 'Pois ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos' (João 20.9)."


O Cenário após a Ressurreição
1. O TÚMULO VAZIO



W. J. Sparrow-Simpson assinala que por si mesmo o túmulo vazio não fez os discípulos crerem. Quanto a João, a Bíblia diz que ele "viu e creu" (João 20:8). Isto, contudo, provavelmente se deve a que ele tenha se lembrado que o Messias predisse Sua ressurreição. Nem Maria, nem as mulheres, nem mesmo Pedro creram devido ao testemunho do túmulo vazio.

Foram as aparições do Messias após a ressurreição que deram a Seus seguidores a certeza de que Ele de fato ressuscitara. O túmulo vazio ali estava como um fato histórico, confirmando que as aparições eram nada menos do que Yeshua de Nazaré, ressurreto em carne e osso.

J. N. D. Anderson, advogado e professor de Direito Oriental na Universidade de Londres, indaga: "Você já reparou que todas as menções ao túmulo vazio ocorrem nos Evangelhos, os quais foram escritos para apresentar à comunidade dos seguidores do Messias os fatos que ela desejava conhecer? Conforme vemos registrado no livro de Atos dos Apóstolos, na pregação pública dirigida àqueles que ainda não criam, dá-se grande ênfase ao fato da ressurreição, mas não existe uma só menção ao túmulo vazio. E por que isso? Acredito haver uma única resposta: não havia necessidade de discutir sobre o túmulo vazio. Todo mundo, amigos e oponentes, sabia que estava vazio. As únicas perguntas dignas de tratamento eram por que o túmulo estava vazio e o que isso provava".

Em outro livro Anderson diz: "O túmulo vazio, feito de rocha de verdade, constitui um elemento essencial nas provas em favor da ressurreição. Insinuar, como alguns tem feito, que na realidade o túmulo não estava vazio, parece-me algo ridículo. É um fato histórico que desde o início, embora o ambiente fosse hostil, os apóstolos fizeram muitos convertidos em Jerusalém ao proclamar a notícia animadora de que o Messias ressurgira do túmulo — e isso eles proclamaram à distância de uma pequena caminhada do túmulo. Qualquer um de seus ouvintes poderia visitar o túmulo na hora do almoço e estar de volta pouco depois. Será, então, admissível que os apóstolos tivessem tido esse sucesso, caso o corpo daquele que eles proclamavam como o Senhor ressurreto estivesse durante todo esse tempo se decompondo no túmulo de José? Será que um grande grupo de sacerdotes e muitos fariseus obstinados teriam ficado impressionados com a proclamação de uma ressurreição que na verdade não era ressurreição alguma, mas uma simples mensagem de sobrevivência espiritual, apresentada nos termos nada esclarecedores de uma ressurreição literal?"

Paul Althus, citado por Wolfhart Pannenberg, diz: '"Em Jerusalém, cidade em que Yeshua foi executado e sepultado, não muito depois de sua morte proclamava-se que ele havia ressuscitado. A situação exige que, dentro do círculo da primeira comunidade de seguidores, alguém tivesse um testemunho confiável de que o túmulo fora encontrado vazio'. O Kerygma (proclamação) da ressurreição 'logicamente não teria se mantido em pé um único dia, nem uma única hora, em Jerusalém, caso, para todas as pessoas interessadas no assunto, o fato de o túmulo estar vazio não se confirmasse'."

O professor E. H.Day comenta: "Se alguém afirmar que na verdade ninguém encontrou o túmulo vazio, a crítica se defrontará com algumas dificuldades. Ela terá de explicar, por exemplo, o problema da rápida propagação de uma tradição bem específica, que nunca foi questionada seriamente, o problema da natureza circunstancial das narrativas em que a tradição chega até nós, o problema do fracasso dos judeus em provar que a Ressurreição não havia ocorrido, o que poderia ser feito apresentando o cadáver de Yeshua ou fazendo um exame oficial no sepulcro, uma prova em que eles tinham o maior interesse em apresentar".

O advogado inglês Frank Morison comenta: "Em parte alguma de todos os fragmentos e reflexos dessa antiga controvérsia que chegou até nós, ficamos sabendo de que alguma pessoa responsável tenha afirmado que o corpo de Yeshua ainda jazia no túmulo. Permeando todos esses antigos documentos está a constante pressuposição de que o túmulo do Messias Yeshua estava vazio".

"Podemos fugir diante dessas provas cumulativas que mutuamente se confirmam? Pessoalmente creio que não. A seqüência de coincidências é grande demais".

Michael Green cita uma fonte secular de origem bem antiga, a qual dá testemunho do túmulo vazio de Yeshua. Essa prova "... é denominada Inscrição de Nazaré, por causa da cidade onde foi encontrada. É um edito imperial, proclamado ou no reinado de Tibério (14-37 A.D.) ou no de Cláudio (41-54 A. D.). É uma invectiva, acompanhada da ameaça de duras sanções, contra violação de túmulos e sepulturas! Tem-se a forte impressão de que a notícia do túmulo vazio havia chegado a Roma numa versão distorcida (Pilatos provavelmente teve de enviar um relatório, e obviamente deve ter dito que o túmulo fora saqueado). Ao
que parece, esse edito é a reação imperial".

A conclusão de Green é: "Não pode haver dúvida de que o túmulo de Yeshua estava realmente vazio no primeiro dia da semana depois de Pessach". Mateus 28:11-15 registra a tentativa das autoridades judaicas de subornar os guardas romanos para que dissessem que os discípulos haviam roubado o corpo de Yeshua. The Dictionary of the Apostolic Congregation (O Dicionário da Congregação Apostólica) comenta: "Essa tentativa é decorrente do reconhecimento pelos inimigos da Fé no Messias de que o túmulo estava vazio — um reconhecimento que, em si, já é suficiente para mostrar que a prova de que o túmulo estava vazio era 'notória demais para se negar'".

W. J. Sparrow-Simpson escreve: "O fato de o túmulo estar vazio é algo reconhecido pelos adversarios da mesma forma como é proclamado pelos discípulos. A história divulgada pelos guardas é uma tentativa de explicar o fato como sendo um golpe dado pelos discípulos (Mateus 28:11-15). 'Mas essa acusação dos fariseus contra os apóstolos baseia-se em que o túmulo estava vazio. O que se precisava era uma explicação"....Essa admissão por parte dos fariseus de que o túmulo estava vazio é repetida em todos os comentários subseqüentes feitos pelos fariseus sobre o assunto".

Sparrow-Simpson confirma essa repetição ao citar como exemplo "uma versão do século doze sobre o túmulo vazio, que foi divulgada por alguns judeus para refutar a fé no Messias. A história é de que quando a rainha soube que os anciões haviam matado Yeshua e O haviam sepultado e de que Ele havia ressuscitado, ela ordenou que, no prazo de três dias,  presentassem o corpo de Yeshua, ou então perderiam as suas vidas.

'Então Judas falou: Vinde e vos mostrarei o homem a quem buscais, pois fui eu quem tirou o bastardo do túmulo. Pois receei que os seus discípulos roubassem o corpo, e então o escondi no meu jardim e fiz um pequeno veio d'água passar por cima do lugar'. E assim essa história explica como os anciãos conseguiram apresentar o corpo".

Sparrow-Simpson conclui: "Não é necessário assinalar que essa surpreendente declaração sobre a apresentação do corpo de Yeshua é uma invencionice medieval. Todavia, é uma declaração bastante necessária para explicar os fatos, uma vez que se reconhecia que o túmulo estava vazio, mas ao mesmo tempo negava-se a Ressurreição".

Emest Kevan cita como prova aquilo que descreve como "... o fato inquestionável do tumulo vazio. O túmulo estava vazio, e os inimigos do Messias não tiveram como negá-lo".
Ele assevera: "... O fato do túmulo vazio representa um golpe mortal em todas as hipóteses que se formulam contra o testemunho dos seguidores do Messias. Essa é a pedra em que tropeçam todas as teorias enganosamente atraentes, e, portanto não é surpreendente descobrir que muitos dos argumentos contra a ressurreição evitam calculadamente a menção ao túmulo vazio".

W. J. Sparrow-Simpson, ao citar Julius Wellhausen, o famoso erudito alemão, conhecido por seu trabalho de alta crítica do Antigo Testamento, dá este testemunho a respeito da ressurreição do Messias: "Admite-se que, ao ocorrer a ressurreição, o corpo de Yeshua desapareceu do túmulo, e é impossível explicar esse fato com base em fatos naturais".

Por que o sepulcro de Yeshua não se tornou um objeto de veneração?

J. N. D. Anderson comenta que "também é significativo que não tenhamos qualquer indício de que o túmulo se tornou um local de adoração ou de peregrinação nos dias da congregação primitiva. Mesmo que aqueles que eram seguidores convictos tenham evitado ficar visitando o sepulcro devido à convicção de que o seu Mestre ressuscitara, que dizer de todos aqueles que tinham ouvido Seus ensinos e até mesmo visto o milagre do Seu toque de cura e não se uniram à comunidade messiânica? Eles também, ao que parece, sabiam
que Seu corpo não estava lá e devem ter concluído que uma ida ao túmulo seria algo sem sentido".

No livro Who Moved the Stone? (Quem Moveu a Pedra?), Frank Morison faz uma observação
interessante: "Considere primeiramente o fato minúsculo, mas altamente significativo, de que em Atos dos Apóstolos, nas Epístolas Missionárias ou em qualquer documento apócrifo de data inquestionavelmente antiga não existe qualquer indício de que alguém tenha feito romaria ao túmulo do Messias Yeshua. É notável esse ininterrupto silêncio acerca do lugar mais sagrado para a memória messiânica. Será que nenhuma mulher, para quem a aparência física de Yeshua era uma reminiscência sagrada, chegou a desejar passar uns poucos  instantes naquele lugar santo? Será que Pedro, João e André jamais sentiram o impulso de construir um santuário que guardasse os restos mortais do Grande Mestre? Será que o próprio Saulo, recordando-se de sua antiga arrogância e autoconfiança, não tenha feito uma visita solitária e não tenha derramado lágrimas de arrependimento por ter negado o Seu nome? Se essas pessoas soubessem que o Senhor estava realmente sepultado ali, é muito, muito estranho que não tenham procedido dessa forma". Tenho certeza de que, para
um crítico da ressurreição, esse silêncio extraordinário da história antiga sobre o que posteriormente aconteceu ao túmulo de Yeshua produz um sentimento de profunda inquietação e desassossego.


2. OS PANOS DE SEPULTAMENTO

Na narrativa a seguir João mostra o significado dos panos de sepultamento como provas da ressurreição: "Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo, e foram ao sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de linho; todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o, chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os lençóis e o lenço que estivera sobre a cabeça de Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado num lugar â parte. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu. Pois
ainda não tinham compreendido a Escritura, que era necessário ressuscitar ele dentre os mortos" (João 20:3-9).

Comentando a respeito da narrativa de João, /. N D. Anderson diz o seguinte sobre o túmulo vazio: "...A impressão é de que não estava de fato vazio. Lembramo-nos do relato no Evangelho de João de como Maria Madalena correu e chamou Pedro e João, e de como os dois se dirigiram ao túmulo. João, mais novo, correu mais rápido do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Ele se abaixou, deu uma 'espiada' por dentro (que, segundo creio, é o sentido literal no grego) e viu os panos de linho e o lenço que fora colocado sobre a cabeça. Então Simão Pedro chegou e, pela sua maneira característica de agir, foi entrando sem pensar, seguido por João; e eles notaram os panos de linho e o lenço, que não estava junto aos panos, mas, enrolado num lugar à parte. O texto grego parece sugerir que os panos de linho não estavam espalhados pelo túmulo, mas onde o corpo havia estado, e que não existia nada onde o pescoço de Yeshua havia repousado — e que o lenço que esteve enrolado ao redor da Sua cabeça não estava junto com os panos de linho, mas separado e enrolado em seu próprio lugar, o que eu acredito significar que ele ainda estava na posição em que havia sido deixado, como se o corpo tivesse sumido. A Bíblia nos conta que, quando João viu isso, não precisou mais de testemunho, quer de homem ou de anjo; ele viu e creu, e seu testemunho tem chegado até nós".

Cirilo de Alexandria (376-444) sugere que, pela maneira como os panos de sepultamento jaziam enrolados, os apóstolos foram levados a crer na ressurreição (Migne, 7.683).

O professor E. H. Day fala da narrativa do Evangelho de João: "Toda ela é caracterizada pelo toque pessoal; tem todas as características das provas não apenas de uma testemunha ocular, mas de um observador cuidadoso... A corrida dos discípulos até o sepulcro, a ordem de sua chegada ao local e a ordem de entrada; o fato de que João primeiramente se abaixou e, olhando por aquela passagem baixa, viu os panos de linho, enquanto Pedro, mais ousado, foi o primeiro a entrar; a palavra... (the-orei) empregada para descrever a observação cuidadosa que São Pedro faz dos panos de sepultamento (talvez esteja implícita até a idéia de um exame); a descrição da posição dos panos de linho e do lenço, uma descrição simples, mas bem cuidadosa na escolha das palavras; a entrada em seguida de João e a fé que se
seguiu à visão dos panos de sepultamento — tudo isso só pode ser a descrição feita por alguém que realmente viu, por alguém em cuja memória a cena é bem viva, por alguém para quem a visão do túmulo vazio e dos panos de sepultamento abandonados era um ponto crucial para a sua vida e para a sua fé".

John R. W. Stott faz os seguintes comentários: "É um fato notável que as narrativas que dizem que o corpo de Yeshua se fora também nos contam que os panos de sepultamento ficaram. É João quem dá uma ênfase especial a esse fato, pois ele acompanhou Pedro naquela inesquecível corrida, bem de manhãzinha, até ao túmulo. O relato que faz do incidente (20:1-10) traz as marcas inconfundíveis da experiência de primeira mão. Ele ultrapassou Pedro, mas ao chegar ao túmulo não fez mais do que olhar para dentro, até
que Pedro chegasse e entrasse. 'Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu.' A pergunta é: o que ele viu que o fez crer? A narrativa sugere que não foi apenas a ausência do corpo, mas a presença dos panos de sepultamento e, de modo especial, o fato de não terem sido tocados".

"...João nos conta (19:38-42) que, enquanto José solicitava o corpo de Yeshua a Pilatos, Nicodemos 'foi, levando cerca de cem libras de um composto de mina e aloés'. Então, juntos, 'tomaram... o corpo de Yeshua e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro'. Em outras palavras, à medida que iam enrolando as 'bandagens' de linho ao redor do Seu corpo, iam também espalhando especiarias em pó entre as camadas".

"Vamos supor que tivéssemos estado no sepulcro no momento em que aconteceu a ressurreição de Yeshua. O que deveríamos ter visto? ...De repente teríamos notado que o corpo havia desaparecido... Os panos, sob o peso de aproximadamente cem libras de especiarias, assim que o apoio representado pelo corpo tivesse sido removido, teriam perdido o volume e teriam vindo abaixo, estando agora murchos. Um vazio teria surgido
entre os panos que enrolaram o corpo e o lenço da cabeça, onde seu rosto e sua nuca haviam estado. É bem possível que o próprio lenço, devido ao complicado sistema de enrolar, fazendo as faixas cruzarem entre si, ainda tenha retido seu formato côncavo, um turbante amassado, mas sem nenhuma cabeça dentro".

"Um estudo cuidadoso da narrativa de João sugere que foram apenas estes três detalhes das roupas de sepultamento abandonadas que ele viu. Primeiro, ele viu os panos 'deixados'. Duas vezes a palavra é repetida, sendo que na primeira vez, no texto grego, ela está numa posição enfática. Poderíamos traduzir: 'Ele viu, por estarem deixados (ou 'caídos'), os panos de linho'. Em segundo lugar, o lenço da cabeça 'não estava com os lençóis, mas... num lugar à parte'. É improvável que isso signifique que o lenço fora enrolado e jogado num canto. Ainda estava sobre a laje de pedra, mas separado dos panos que enrolaram o corpo por uma distância razoável. Terceiro, esse mesmo lenço fora 'deixado'. Essa última palavra tem sido
traduzida por 'enrolado em espiral'. A tradução 'deixado' (RA) e apenas 'enrolado' (IBB) são traduções que não captam bem o sentido. A palavra é bem apropriada para descrever o formato arredondado que o lenço vazio ainda preservava."

"Não é difícil imaginar a cena que os olhos dos apóstolos viram ao chegar ao túmulo: a laje de pedra, os panos de sepultamento desmontados, a concha que era o lenço da cabeça e a distância que separava os panos do lenço. Não é de admirar que eles 'viram e creram'. Uma olhada nesses panos de sepultamento comprovava a realidade, e indicava a natureza da ressurreição. Eles não haviam sido tocados, nem dobrados nem manipulados por qualquer ser humano. Eram como a crisálida abandonada, da qual surgiu a borboleta".

"Que havia intenção de os panos de sepultamento estarem visíveis, como provas  confirmadoras da ressurreição, é algo que também é sugerido pelo fato de que Maria Madalena (que havia retornado ao túmulo depois de levar a notícia a Pedro e a João) 'abaixou-se e olhou para dentro do túmulo, e viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde o corpo de Jesus fora posto, um à cabeceira e outro aos pés'. Presumivelmente isso significa que eles se sentaram sobre a laje de pedra, tendo os panos de sepultamento
entre si. Tanto Mateus quanto Marcos acrescentam que um deles disse: 'Ele não está aqui: ressuscitou, como havia dito. Vinde ver onde ele jazia'. Quer o leitor creia ou não em anjos, essas alusões ao lugar onde Yeshua havia jazido, enfatizadas tanto pela posição como pelas palavras dos anjos, no mínimo confirmam que o entendimento dos evangelistas era este:  a posição dos panos e a ausência do corpo são testemunhas que mutuamente confirmam a ressurreição de Yeshua".

Henry Latham diz: "...A mim parece claro que o relato de João indica que uma transformação ocorreu nos dois apóstolos devida ao que viram..." Por quê?

Latham descreve o que os discípulos viram no túmulo de Yeshua: "Na... saliência, sobre a parte mais baixa da laje, jaziam os panos de sepultamento. Não estavam desarrumados. Estavam exatamente como José e os outros haviam enrolado em volta do corpo do Senhor, apenas estavam murchos, uma camada sobre a outra, pois o corpo não estava mais ali. Na ponta mais distante, na parte mais elevada da laje, isolado, estava o lenço que estivera enrolado na cabeça; não estava murcho, mas um pouco em pé, mantendo a forma espiral
que recebera ao ser enrolado em volta da cabeça do Senhor. Naquele lugar nada dava o menor indício de ter sido tocado por mãos humanas: o corpo havia sido envolvido em mirra e aloés em pó, mas não deixara nenhum sinal; as especiarias permaneciam dentro das camadas de 'panos', onde haviam sido colocadas quando o corpo foi posto na laje. É possível que o que a cena apresentava tenha alcançado os corações de Pedro e João; pelo menos podemos ver que, ao saírem, não se encontravam no mesmo estado emocional em que haviam chegado ao túmulo. Tenho a impressão de que o impacto do que viam gradualmente foi-lhes tomando conta, à medida que observavam atentamente o que viam, dando-lhes a certeza de que 'Deus tinha agido naquele lugar'".

O professor Latham escreve sobre o lenço que cobriu a cabeça de Yeshua: "As palavras 'não estava com os lençóis' sugerem-me algo... indiretamente me mostram que os panos de sepultamento, os lençóis, estavam todos num só lugar. Caso todos eles estivessem sobre a parte mais baixa da laje, conforme creio que aconteceu, a expressão é perfeitamente clara. No entanto, caso os panos estivessem espalhados, um aqui, outro ali, como se tivessem sido jogados rapidamente para o lado, não faria sentido dizer que o lenço 'não estava com os lençóis', pois os 'lençóis' não teriam especificando qualquer lugar em particular. Novamente
observamos a palavra 'deixa-os (IBB; no grego keimena, 'repousados'), que não é de modo algum necessária. O lenço não estava 'repousado' da mesma forma como os lençóis, e  João talvez esteja assinalando o contraste".

Latham prossegue: "...O lenço, que havia sido enrolado em volta da parte de cima da cabeça, deve ter ficado sobre... a parte mais elevada da laje. Ali deve ter sido encontrado 'enrolado num lugar à parte'".

Latham diz que a "palavra 'enrolado' é ambígua. Penso que o lenço torcido formasse um anel
semelhante ao formato cilíndrico de um turbante frouxo, sem nada dentro".

O professor Latham conclui: "Ali jazem os panos - estão juntos, um pouco desmontados, mas ainda enrolados camada sobre camada e nenhuma parte das especiarias escapou de entre os panos. O lenço, de igual forma, está sobre o pequeno degrau que serve de travesseiro para a cabeça do cadáver. Está trançado como uma espécie de peruca e encontra-se num lugar à parte. O próprio silêncio da cena faz com que ela pareça ter algo a dizer. Ela falou àqueles que a viram, e fala-me quando eu a imagino, visualizando a luz matinal penetrando pela porta aberta". "Descubro que ela diz o seguinte: 'Tudo o que era Yeshua de Nazaré sofreu uma transformação e se foi. Nós — os lençóis, as especiarias e o lenço — pertencemos à terra e aqui ficamos'".


3. O SELO

O professor A. T. Robertson comenta: "A selagem foi feita na presença dos soldados romanos que foram incumbidos de proteger esse selo símbolo da autoridade e poder romanos".

D. D. Whedon diz: "De modo que era impossível abrir a porta sem quebrar o selo, o que constituía um crime contra a autoridade do proprietário do selo".

O selo foi partido quando se rolou a pedra. A pessoa ou pessoas responsáveis por romper o selo teriam de responder por isso perante o governador provincial e as autoridades a que eram subordinadas. Aliás, à época da ressurreição de Yeshua todo mundo tinha muito receio de partir o selo romano.


4. A ESCOLTA ROMANA

Mateus faz as seguintes observações:
"E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e sua veste alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos, e ficaram como se estivessem mortos" (Mt 28:2-4).

"E, indo elas, eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais sacerdotes tudo o que sucedera. Reunindo-se eles em conselho, com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes que dissessem: Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram, enquanto dormíamos. Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e vos poremos em segurança. Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje" (Mateus 11-15).

Compreender quem eram esses guardas torna bem marcante a narrativa de Mateus 28.
A cena que coincidiu com a ressurreição de Yeshua foi suficientemente assustadora para fazer com que soldados rudes e grosseiros se fizessem de 'mortos' (Mateus 28:4).
O professor Roper assim descreve os soldados: "Não possuíam o menor interesse na tarefa a que foram designados. Seu único propósito e obrigação era cumprir estritamente o seu dever, como soldados do império romano, ao qual haviam dedicado sua lealdade. O selo romano aposto na pedra, ali no túmulo de José, era para eles bem mais sagrado do que toda a filosofia de Israel ou do que a santidade das antigas crenças do povo de Deus. (Eram) soldados com suficiente sangue frio para sortear a capa de uma vítima agonizante..."

T. G. Tucker descreve com abundância de detalhes (veja pp. 269 s) a armadura e as armas que um centurião costumava usar. O quadro que ele pinta é o de uma máquina humana de combate.

Thomas Thorbum diz que a escolta que vigiou o local estava numa situação profundamente difícil. Depois de a pedra ter sido rolada e o selo rompido, a condição deles era igual à de soldados condenados pela corte marcial. Thorburn escreve: "Os soldados não poderiam alegar que estavam dormindo pois sabiam muito bem que a penalidade para quem dormisse durante uma vigília era a morte — castigo sempre rigorosamente aplicado".

Thorburn prossegue: "Na prática, nessa situação os soldados não teriam qualquer outra alternativa senão confiar nos ofícios dos sacerdotes. Suponhamos que o corpo desapareceu. Qualquer que fosse o caso, e em circunstâncias normais, a negligência deles seria passível de morte (cf. Atos 12:19)".


5. YESHUA ESTAVA VIVO - APARIÇÕES APÓS A RESSURREIÇÃO

1D. A importancia das aparições

O professor C. S. Lewis, ao falar da importância das aparições de Yeshua após a ressurreição, diz: "O primeiro fato na história dos seguidores de Yeshua é um número de pessoas que afirmam terem visto a ressurreição. Se tivessem morrido sem fazer outras pessoas crerem nesse 'evangelho', jamais se teria escrito algum Evangelho".

J- N. D. Anderson escreve acerca do testemunho representado pelas aparições: "O meio mais drástico de ignorar as provas seria dizer que essas histórias não passavam de invencionice, que eram pura mentira. Mas até onde eu sei, nem um só crítico assumiria hoje em dia uma atitude dessas. De fato, seria realmente uma posição insustentável. Pense no número de testemunhas, mais de 500. Pense no caráter das testemunhas - homens e mulheres que deram ao mundo o mais sublime ensino ético já proclamado e que, mesmo diante das declarações de seus inimigos, puseram esses ensinos em prática em suas próprias vidas.  Pense no absurdo psicológico que é descrever um pequeno bando de covardes derrotados escondendo-se certo dia num cenáculo, e alguns dias depois transformados num grupo que
perseguição alguma era capaz de silenciar — e então tente atribuir essa impressionante transformação a nada mais convincente do que uma invencionice miserável que estavam tentando impingir ao mundo. Isso simplesmente não faria sentido".

John Warwick Montgomery comenta: "Observe que quando os discípulos de Yeshua proclamaram a ressurreição, fizeram-no na qualidade de testemunhas oculares e enquanto ainda estavam vivas as pessoas que tinham tido contato com os acontecimentos que eles anunciavam. Em 56 A.D. Paulo escreveu que mais de 500 pessoas tinham visto o Yeshua ressuscitado e que a maioria delas ainda estava viva (1 Coríntios 15:6ss). Ultrapassa os limites da credibilidade afirmar que os primeiros seguidores de Yeshua teriam sido capazes de inventar uma história dessas e, em seguida, pregá-la entre aqueles que facilmente poderiam refutá-la apenas apresentando o corpo de Yeshua".

Bemard Ramm escreve: "Se não houve ressurreição, os críticos radicais têm de admitir que Paulo enganou os apóstolos ao mencionar uma aparição verdadeira de Yeshua a ele e que, por sua vez, eles enganaram Paulo quanto às aparições de um Yeshua ressurreto. Como é difícil impugnar as provas da ressurreição apresentadas pelas epístolas, quando elas tem uma forte confirmação de autenticidade! "

2D. As aparições de Yeshua a individuos

A Maria Madalena - João 20:14; Marcos 16:9
Às mulheres que voltavam do túmulo — Mateus 28:9,10
A Pedro, mais tarde no mesmo dia - Lucas 24:34; 1 Coríntios 15:5
Aos discípulos de Emaús — Lucas 24:13-33
Aos apóstolos, estando Tome ausente — Lucas 24:36-43; João 20:19-24
Aos apóstolos, com Tome presente — João 20:26-29
Aos sete, junto ao mar de Tiberíades — João 21:1-23
A uma multidão de mais de 500 crentes numa montanha da Galiléia — 1 Coríntios 15:6
A Tiago - 1 Coríntios 15:7
Aos onze - Mateus 28:16-20; Marcos 16:14-20; Lucas 24:33-52; Atos 1:3-12
Por ocasião da ascensão — Atos 1:3-12
A Paulo - Atos 9:3-6; 1 Coríntios 15:8
A Estêvão - Atos 7:55
A Paulo no templo — Atos 22:17-21; 23:11
A João na Ilha de Patmos - Apocalipse 1:10-19


6. OS INIMIGOS DE YESHUA NÃO APRESENTARAM QUALQUER REFUTAÇAO À
RESSURREIÇÃO


1D. Ficaram quietos

Em Atos 2, Lucas registra o sermão de Pedro no dia de Pentecoste. Não houve qualquer refutação feita pelos fariseus e saduceus à corajosa proclamação de Pedro de que Yeshua ressuscitara. Por quê? Porque a prova do túmulo vazio estava ali para qualquer um examinar, caso eles quisessem negar a ressurreição.

Contudo, todos sabiam que o túmulo não mais tinha o corpo de Yeshua. Em Atos 25 encontramos Paulo preso em Cesaréia. Festo, "assentando-se no tribunal, ordenou que
fosse trazido Paulo. Comparecendo este, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo muitas e graves acusações contra ele, as quais, entretanto, não podiam provar". Qual era exatamente o ponto na mensagem do evangelho de Paulo que tanto irritava a estes saduceus e fariseus? Qual era o ponto sobre o qual evitavam totalmente fazer acusações? Festo, ao explicar o caso ao rei Agripa, descreve a questão básica como sendo um "certo morto, chamado Yeshua, a quem Paulo afirmava estar vivo" (Atos 25:19).

Estes fariseus e saduceus eram incapazes de explicar o porquê do túmulo vazio. Fizeram todo tipo de ataques pessoais contra Paulo, mas evitaram as provas objetivas em favor da
ressurreição. Eles se limitaram a acusações subjetivas e infames contra Paulo, evitando discutir o testemunho silencioso do túmulo vazio. O silêncio destes fariseus e saduceus fala mais alto do que a voz dos seguidores de Yeshua.

O professor Day diz: "A simples refutação das provas, o questionamento convincente, do fato da ressurreição teria desferido um golpe mortal na Fé dos seguidores do Messias Yeshua. E, caso o desejassem, teriam tido todas as oportunidades para apresentar tal refutação".

W. Bannenberg, citado por J. N. D. Anderson, diz: "A antiga polêmica dos fariseus contra a mensagem messiânica dos seguidores de Yeshua a respeito da ressurreição, da qual encontramos alguns traços nos Evangelhos, não dá qualquer idéia de que o túmulo de Yeshua tivesse permanecido intacto. Em seus ataques, eles deviam ter tido todo
interesse em preservar uma informação dessas. No entanto, exatamente o oposto aconteceu: estes judeus compartilhavam com seus adversários messiânicos a convicção de que o túmulo de Yeshua estava vazio. Eles se limitavam a explicar esse fato à sua própria maneira..."

A Congregação foi fundada sobre o alicerce da ressurreição. Refutar a ressurreição implicaria destruir todo o movimento dos seguidores do Messias Yeshua. Contudo, em vez de qualquer refutação, durante todo o primeiro século estes seguidores foram ameaçados, espancados, torturados e mortos devido à sua fé. Teria sido muito mais simples silenciá-los mediante a apresentação do corpo de Yeshua, mas isso nunca ocorreu. John R. W. Stott disse com muita felicidade que o silêncio dos inimigos de Yeshua "é uma prova tão enfática da ressurreição quanto o testemunho dos apóstolos".


2D. Zombaram

1E. Em Atenas.
Quando Paulo falou aos atenienses acerca de Yeshua, não tiveram qualquer resposta para as afirmações do apóstolo: "Quando ouviram falar de ressurreição dos mortos, uns escarneceram" (Atos 17:32).
Simplesmente ridicularizaram as afirmações porque não conseguiam entender como um homem poderia ressuscitar dos mortos. Nem mesmo tentaram defender a posição que adotaram. Em outras palavras, eles disseram: "Não me venha confundir com fatos, já tenho posição a respeito."

Por que Paulo considerou a descrença manifestada na Grécia diferente da descrença em Jerusalém? Porque enquanto em Jerusalém o fato do túmulo vazio ser inquestionável (o túmulo estava bem ali para as pessoas verificarem), em Atenas as provas se encontravam à grande distância, de sorte que o fato de o túmulo estar vazio não era algo público e notório. Os ouvintes de Paulo não verificaram por si mesmos a veracidade da história, e em vez de se darem ao trabalho de investigação, contentaram-se em zombar sem ter conhecimento do assunto. O suicídio intelectual é a melhor descrição para a posição que assumiram.

2E. Perante Agripa e Festo, em Cesaréia.

Paulo disse a Agripa e a todos os que se encontravam na corte em Cesaréia que Yeshua, "sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciaria a luz ao povo e aos gentios. Dizendo ele (Paulo) estas cousas em sua defesa, Festo o interrompeu em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar. Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso. Porque tudo isto é do conhecimento do rei (Agripa), a quem me dirijo com franqueza, pois estou persuadido de que nenhuma destas cousas lhe é oculta; porquanto nada se passou aí,
nalgum recanto. Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que acreditas. Então Agripa se dirigiu a Paulo, e disse: Por pouco me persuades a me fazer messiânico" (Atos 26:23-28).

De novo, tal como acontecera em Atenas, Paulo se defrontou com a incredulidade. De novo sua mensagem foi a ressurreição de Yeshua dentre os mortos (Atos 26:23). E de novo não se apresentaram provas em contrário que refutassem a ressurreição de Yeshua. De Festo Paulo ouviu apenas zombaria inútil. A defesa de Paulo era constituída de "palavras de verdade e de bom senso" (Atos 26:25). Paulo enfatizou a natureza empírica da sua defesa ao dizer que "nada se passou aí, nalgum recanto" (Atos 26:26). Ele desafiou Agripa e Festo com as provas, mas Festo, tal como os atenienses, só foi capaz de ridicularizar a respeito. Esse incidente aconteceu em Cesaréia, onde não devia ser de conhecimento geral que o túmulo
estava vazio. Uma viagem a Jerusalém teria confirmado o fato.

3B. Fato Histórico Confirmado
O túmulo vazio é o testemunho silencioso da ressurreição de Yeshua que jamais foi refutado. Os romanos e os judeus foram incapazes de apresentar o corpo de Yeshua ou de explicar onde foi colocado, mas, no entanto, recusaram-se a crer. Não por causa da insuficiência de provas, pois elas são abundantes, os homens ainda insistem em rejeitar a ressurreição.

O professor E. H. Day escreve: "Naquele túmulo vazio os seguidores de Yeshua sempre tem tido uma importante testemunha em favor do caráter racional da fé. Eles jamais duvidaram que, no terceiro dia, o túmulo realmente tenha sido encontrado vazio; as narrativas dos Evangelhos são unânimes em enfatizar o acontecimento; (o ônus da prova)... não recai sobre aqueles que sustentam a tradição, mas sobre aqueles que negam que o túmulo foi encontrado vazio ou que explicam a ausência do corpo do Senhor por meio
de alguma teoria racionalista".

O professor James Denney, citado por Smith, diz: "...O túmulo vazio não é fruto de um espírito apologético infantil, de um espírito que não se satisfaz com as provas da ressurreição presentes no fato de que o Senhor havia aparecido aos seus e que os tinha despertado a uma nova vida vitoriosa ... é um aspecto novo, independente e imotivado do testemunho apostólico".

4B. Fatos Psicológicos Confirmados
1C. AS VIDAS TRANSFORMADAS DOS DISCÍPULOS


1D. John R. W. Stott diz: "Talvez a transformação dos discípulos de Yeshua seja a maior de todas as provas da ressurreição..."

2D. O dr. Simon Greenleaf advogado de Harvard, diz acerca dos discípulos: "De modo que era
impossível que eles tivessem continuado a afirmar as verdades que contavam, caso Yeshua não tivesse realmente ressuscitado dos mortos e caso eles não tivessem tanta certeza desse fato como tinham de qualquer outro".

A história das guerras oferece pouquíssimos exemplos de semelhante constância, paciência e grande coragem. Eles tinham todos os motivos imagináveis para analisar cuidadosamente as bases de sua fé e as provas dos grandes acontecimentos e verdades que eles defendiam..."

3D. Paul Little diz: "Será que esses homens que ajudaram a transformar a estrutura moral da
sociedade são mentirosos contumazes ou loucos enganados? É mais difícil crer nestas alternativas do que no fato da ressurreição, e não existe o menor vestígio de prova que apoie tal conjectura".

4D. Examine a vida transformada de Tiago, o irmão de Yeshua. Antes da ressurreição ele fez pouco caso de tudo o que seu irmão pregava. Tiago pensava que as afirmações de Yeshua  fossem afirmações espalhafatosas que só serviam para macular o nome da família. No entanto, depois da ressurreição, encontramos Tiago com os outros discípulos, pregando o evangelho de seu Senhor. Sua epístola descreve bem o novo relacionamento que tinha com o Messias. Ele se apresenta como "servo de Deus e do Senhor Yeshua, o Messias" (Tiago 1:1). A única explicação para essa transformação em sua vida é a que Paulo apresenta:
"Depois (Yeshua) foi visto por Tiago..." (1 Coríntios 15:7).

5D. George Matheson diz que "o ceticismo de Tome é um reflexo da crença de que a morte de Yeshua seria a morte do Seu reino. 'Vamos também nós para morrermos com ele.'  Quem pronunciou essas palavras não tinha, no momento em que as pronunciou, qualquer esperança na ressurreição de Yeshua.

Ninguém iria propor morrer com uma outra pessoa caso esperasse vê-la de novo dentro de algumas horas. Naquele momento Tome havia abandonado toda crença intelectual. Ele não vislumbrava qualquer chance para Yeshua. Ele não acreditava em Seu poder físico. Ele já havia decidido que as forças do outro mundo seriam fortes demais e que iriam esmagá-lo".

6D. Todavia, Yeshua se apresentou ressurreto também a Tome. A conseqüência disso encontra-se registrada no Evangelho de João. Tome mudou totalmente de opinião depois de ver o Senhor ressurreto dentre os mortos e viveu seguindo ao Senhor até morrer como mártir.

7D. A seguinte descrição da transformação que ocorreu, após a ressurreição, na vida dos apóstolos é um interessante enfoque poético sobre o assunto: No dia da crucificação estavam cheios de melancolia; no primeiro dia da semana, repletos de alegria. "No momento da crucificação estavam desesperançosos; no primeiro dia da semana seus corações estavam tomados de certeza e esperança. Quando pela primeira vez ouviram a mensagem da ressurreição, ficaram incrédulos, sendo difícil convencê-los, mas assim que tiveram
certeza nunca mais duvidaram. O que poderia explicar a surpreendente mudança ocorrida nesses homens em tão curto espaço de tempo? A simples remoção do corpo do túmulo jamais poderia ter transformado seus espíritos e personalidades.

Três dias não são suficientes para se desenvolver uma lenda que tanto iria afetá-los. Requer-se tempo para o processo de formação de uma lenda. Esse é um fato psicológico que exige
uma explicação mais convincente". "Pense no caráter das testemunhas — homens e mulheres que deram ao mundo o mais sublime ensino ético já proclamado e que, mesmo diante das declarações de seus inimigos, puseram esses ensinos em prática em suas próprias vidas. Pense no absurdo psicológico que é descrever um pequeno bando de covardes derrotados escondendo-se certo dia num cenáculo, e alguns dias depois transformados num
grupo que perseguição alguma era capaz de silenciar — e então tente atribuir essa impressionante transformação a nada mais convincente do que uma invencionice miserável que estavam tentando impor ao mundo. Isso simplesmente não faria sentido".

2C. AS VIDAS TRANSFORMADAS DE 1.900 ANOS DE HISTORIA

Assim como o Messias Yeshua transformou as vidas de seus discípulos, da mesma forma, nos últimos 1.900 anos, os homens também têm experimentado essa transformação.

3C. O VEREDITO
O fato psicológico confirmado de vidas transformadas é, portanto, uma razão lógica para se crer na ressurreição. São provas subjetivas dando testemunho do fato objetivo de que o Messias Yeshua ressuscitou ao terceiro dia. Somente um Messias ressurreto poderia ter tal poder de transformação na vida de uma pessoa.